Twitter lucra com exploração de racismo e misoginia, diz Djamila Ribeiro
A filósofa Djamila Ribeiro disse em entrevista concedida ontem ao perfil da Vogue Brasil no Instagram que espera conseguir que, ao entrar na Justiça contra o Twitter, a rede social "dê dinheiro para um fundo de combate à discriminação" contra pessoas negras, sobretudo mulheres.
"Queremos que o Twitter dê dinheiro para um fundo de combate à discriminação para que as entidades negras, sobretudo de mulheres negras, possam ser ressarcidas de todos esses assassinatos de reputação [que ocorrem na rede social]", disse a escritora.
"O Twitter é uma empresa bilionária. É preciso questionar essa empresa pela exploração econômica do racismo", concluiu a filósofa.
Ao UOL, o Twitter disse que "tem regras que determinam os conteúdos e comportamentos permitidos na plataforma".
"Violações a essas regras, que seguem em constante evolução para fazer com que as pessoas se sintam mais seguras ao usar a plataforma, estão sujeitas às medidas cabíveis", afirmou.
Djamila citou a tese de doutorado de um homem negro chamado Luis Silvério que, segundo ela, "mostra que 81% dos discursos de ódio no Twitter são direcionados às mulheres negras", para argumentar sua ida à Justiça.
"Toda vez em que vamos parar no trending topics as empresas vão lá e anunciam. Eles estão lucrando com a exploração do racismo e da misoginia", argumentou.
Ameaça contra filha e representação no MP
No fim de julho, Djamila disse que entraria com uma representação no Ministério Público contra o Twitter por, segundo ela, a rede social não punir da maneira correta usuários que reproduzem discursos de ódio e racismo.
"Essas plataformas precisam encontrar políticas melhores e punir essas pessoas que reproduzem discurso de ódio para que isso não reverbere na nossa vida dessa maneira", afirmou a filósofa em entrevista ao programa "Encontro com Fátima Bernardes", da TV Globo.
Dias antes, em entrevista ao "Jornal das 16h", da GloboNews, a escritora falou sobre o fato que a motivou a representar contra o Twitter na Justiça: uma ameaça recebida por sua filha, de apenas 15 anos.
"Como eu sou ativista, eu recebo muita coisa, já estou acostumada. Mas aí passaram de todos os limites. No domingo, mandaram [ameaças] para o meu celular e para o celular da minha filha, aí eu achei a gota d'água", contou a filósofa ao canal.
Após a ameaça recebida por sua filha, Djamila Ribeiro registrou um boletim de ocorrência na Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância) do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) de São Paulo.
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