Chega de vídeo travando! Veja qual internet é ideal para fazer tudo em casa
Sem tempo, irmão
- Para algumas empresas, home office iniciado na pandemia veio para ficar
- Talvez essa seja hora de você repensar pacote de internet contratado
- Necessidade vai variar de acordo com atividades que você realiza
- Rotear seu sinal de celular para usar em casa não é boa ideia
Solução de muitas empresas para lidar com o distanciamento social na pandemia, o home office não apenas se mostrou viável neste período, mas talvez possa ir além dele. Nesse cenário, a qualidade da sua internet fixa ganhou mais importância. Além de servir para tarefas de lazer, a sua conexão tem que dar conta de coisas "sérias" como transferir arquivos e manter a estabilidade em videoconferência, entre outras coisas.
Aí fica a dúvida: como escolher um plano que dê conta de tudo sem cair no exagero e acabar pagando muito caro por algo que você não vai usar?
Uma banda para cada atividade
Para escolher o plano de internet fixa que se adeque melhor às suas necessidades, você terá que listar suas principais atividades diárias. Depois disso, vai ter que fazer algumas continhas.
Enviar emails
Se a sua rotina de trabalho envolve apenas mandar emails, por exemplo, a exigência de velocidade é mínima. Conexões de 1 a 5 Mbps (megabits por segundo) dão conta do básico. O problema aqui é que "básico" tende a ficar longe de "ideal".
"Pacotes com essa velocidade de internet podem limitar muito a navegação em outras plataformas. Por isso, planos de 5 a 10 Mbps são mais recomendados para que você tenha uma experiência melhor se precisar baixar ou enviar arquivos mais pesados, como vídeos, imagens em alta definição ou áudios", explica Pedro Israel, cofundador do site Melhor Plano, que traz comparativos sobre planos de internet no Brasil.
Videochamadas
Se o seu trabalho inclui a realização de videochamadas, o melhor é partir para um plano de 15 ou 25 Mbps, que permite participar de reuniões online e acessar outras plataformas em paralelo.
A sua vida profissional também tem que ser levada em consideração na hora de decidir que plano contratar. "Para profissões que exigem maior performance da rede, como designers e programadores, é indicado o uso de pacotes acima de 35 Mbps", aponta Israel.
Filmes em streaming e games
Para atividades de lazer, a velocidade mínima varia. Para filmes em streaming, a Netflix recomenda ao menos uma conexão de 3 Mbps para ter acesso ao seu conteúdo na qualidade SD —o que tende a ficar com aspecto bem limitado em TVs atuais. Para ver quem deseja ver filmes e séries em alta definição sem engasgos, o mínimo que a plataforma recomenda é 5 Mbps. Já conteúdo em Ultra HD (4K), a nota de corte fica em 25 Mbps.
Já para games online, tudo depende da plataforma. Por mais que redes como a Xbox Live tenham exigências baixas para partidas online (1,5 Mbps de download e 768 Kbps de upload), a recomendação é apostar em pelo menos 25 Mbps para ter uma boa performance.
O "ping" também é importante
Outro ponto a ser considerado aqui é a latência. "É isso que mede o tempo que a resposta do seu comando leva para chegar até outra máquina da rede. Quanto maior o ping [recurso de envio de dados que mede a latência], mais lenta será a transmissão. Ainda que ele não dependa somente da velocidade da internet, pacotes mais robustos podem significar melhor desempenho", reforça Israel.
Quanto mais pessoas, maior a demanda
Para determinar o seu perfil de uso, o recomendado é "nivelar por cima": determinar qual das atividades que você desempenha mais demanda da rede.
Se o seu home office se resume a mandar emails e acessar páginas de internet — situação na qual 5 Mbps dão conta—, mas seu principal hobby é ver filmes e você não dispensa imagens em 4K, a conexão mínima indicada é uma de 25 Mbps.
Caso você more com mais duas pessoas que tenham exatamente esse perfil de uso, em tese a conexão mínima para sua residência teria que ser de 75 Mbps.
Mas por que "em tese"? Porque por mais que não seja muito comum todos os usuários de uma casa realizarem a tarefa que mais demanda banda de conexão ao mesmo tempo —no exemplo acima, seria como ter três pessoas assistindo vídeos em streaming de 4K em três TVs diferentes simultaneamente—, ter à disposição essa velocidade "mínima" ajuda a evitar gargalos.
Também é importante salientar o papel do roteador nisso tudo: esses aparelhos atuam sob demanda e gerenciam a "oferta" de banda para cada usuário de acordo com a exigência do momento, a não ser que a conexão tenha configurações específicas.
"A banda disponível é compartilhada entre os usuários dentro de uma mesma rede. Mas se ocorre um acesso normal, uma visita a um site por exemplo, esse compartilhamento é imperceptível aos usuários ativos na rede. Só haverá perda de desempenho quando existe alocação de banda para determinados aplicativos", diz o professor Orlando D'Onofrio, do departamento de Engenharia Elétrica da FEI (Fundação Educacional Inaciana).
O tipo de conexão importa
Uma vez determinada a velocidade mínima da sua conexão, outro ponto a ser observado é o tipo de tecnologia usada pela prestadora de serviço. Nesse quesito, ponto para a fibra ótica.
"Essa tecnologia resulta em um melhor desempenho e qualidade da conexão, minimizando ruídos, embora a qualidade dos cabos coaxiais atualmente garanta a confiabilidade do sinal recebido", afirma D'Onofrio.
"A fibra ótica garante uma conexão mais estável porque seus cabos possuem uma tecnologia que evita a influência de ruídos externos, como fatores climáticos e sinais de comunicação de outras redes. Além disso, permite que os dados viajem na velocidade da luz, oferecendo uma internet mais rápida", reforça Israel.
Aqui, é importante ressaltar que serviços que afirmam usar fibra ótica nem sempre são iguais. Isso porque alguns deles levam essa conexão até o roteador do cliente, enquanto outros usam fibra apenas no cabeamento da rua, utilizando fios "comuns" na ligação da rede com a residência dos clientes.
Rotear sinal do celular não é uma boa ideia
Do lado oposto em termos de desempenho estão as conexões sem fio, muito mais sujeitas a interferências. Isso também vale para a internet móvel do seu celular.
Essa, no entanto, é apenas uma das razões pelas quais rotear o seu sinal de celular para usar em casa não é uma boa ideia.
Outro motivo para não fazer disso um hábito é a velocidade: segundo dados da Open Signal, no Brasil a velocidade média de conexões 4G é de 18 Mbps, número que tende a ser insuficiente em situações de uso mais intenso.
Por fim, há o consumo de dados. No Brasil, a comercialização de planos de internet móvel é feita tendo a franquia de consumo como base, não a velocidade —como ocorre com a internet fixa. Quando se usa a internet no celular, sites e aplicativos são dimensionados para o aparelho móvel e, com isso, acabam sendo versões consideravelmente mais leves do que as acessadas por computadores.
Usar o 4G do seu celular, portanto, é uma forma rápida de se acabar com a franquia de dados.
"Em um experimento aqui no Melhor Plano, um de nossos colaboradores consumiu cerca de 900 MB de dados roteando sua internet 4G para trabalhar. Nesse dia, ele fez reuniões por videochamada e acessou algumas plataformas, e a velocidade da rede ficou entre 10 e 15 Mbps. Considerando essa média por dia, ele teria que ter um plano com cerca de 30 GB de dados por mês", diz Israel.
Fazendo uma pesquisa na ferramenta do Melhor Plano, um plano com essa franquia de dados na cidade de São Paulo sai pelo menos por R$ 99,90 ao mês, enquanto uma conexão de banda larga fixa de 35 Mbps, com uma velocidade superior e sem a limitação da franquia, custa a partir a de R$ 79,99.
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