Estamos perto de colonizar Marte? Temperatura e atmosfera são obstáculos
Sem tempo, irmão
- Marte está a uma distância de aproximadamente 54,6 milhões de km da Terra
- Até hoje nenhum humano nunca pisou em Marte, apenas sondas e robôs
- O ar é tóxico: 95% da atmosfera é composta de dióxido de carbono
- Lá, no verão faz 22º C e no inverno a temperatura despenca para - 125º C
- O planeta já teve os ingredientes necessários para a existência de vida
- A sonda Perseverance, da Nasa, vai descobrir se já houve vida por lá
Quarto planeta do Sistema Solar, Marte é o segundo mais próximo da Terra. Está a uma distância de aproximadamente 54,6 milhões de quilômetros —número que varia consideravelmente de acordo com a posição de ambos os planetas em suas órbitas ao redor do Sol.
Dada essa "proximidade", é natural que o planeta vermelho desperte a curiosidade de muita gente, principalmente quando se fala da possibilidade de se estabelecer uma colônia humana por lá.
Se até hoje nenhum humano nunca pisou em Marte, deixando isso para sondas e robôs, já tem gente planejando montar uma base humana no planeta vizinho em até 30 anos.
Se isso vai ser possível ou não, ninguém sabe. O fato é que povoar Marte é um desafio e tanto, porque embora já se saiba que o planeta já teve os ingredientes necessários para a existência de vida (água, compostos orgânicos e um clima favorável) há bilhões de anos, hoje ele é um planeta hostil a organismos.
Por que a gente ainda não colonizou Marte?
Um dos principais obstáculos seria a temperatura no nosso vizinho: a diferença entre o verão marciano e o inverno é extrema. O calor por lá é de algo em torno de 22º C, enquanto a estação fria faz os termômetros despencarem para algo próximo de -125º C.
Outro problema é a atmosfera: 95% dela é composta de dióxido de carbono (CO2). Além disso, tudo indica que o núcleo do planeta encontra-se em estado sólido. O que isso significa? Que o campo magnético de Marte é extremamente fraco, o que faz com que a sua atmosfera seja constantemente dissipada devido aos chamados ventos solares.
Especialistas afirmam que os principais desafios tecnológicos e sanitários para enviar uma missão tripulada a Marte, que duraria dois ou três anos, já foram quase todos resolvidos pela ciência.
Para o lançamento, já existe foguetes potentes fabricados pela Nasa desde a década de 1980. Os astronautas teriam que ficar por lá durante 15 meses, esperando que Marte e Terra alcancem uma posição que facilite esse retorno.
Sobre a temperatura na superfície (que é em média de -63 °C) e a radiação, já existe engenharia disponível para fazer trajes de proteção e abrigos para os astronautas. Mas, as tempestades de poeira recorrentes ainda são um problema que ainda requer muito estudo.
Se a humanidade achar uma forma de colonizar o planeta futuramente, os habitantes do local terão que resolver uma questão: quando comemorar seu aniversário. Piadas à parte, um ano em Marte dura consideravelmente mais do que o ano terrestre: 16.488 horas ou, se preferir, 687 dias.
Mas lá tem água
Uma boa notícia: não falta água em Marte. Quer dizer, ao menos na forma de gelo em suas calotas polares. Estima-se que exista 21 milhões de km3 de gelo no planeta, tanto em sua superfície quanto no subsolo. Esse volume seria o suficiente para cobrir a sua superfície toda em um hipotético oceano com 35 metros de profundidade.
Isso não ocorreria por um detalhe: a pressão atmosférica de Marte é muito baixa, o que dificulta que a água se mantenha em estado líquido.
Há indícios que nem sempre foi assim e que, há 3,8 bilhões de anos, Marte tinha uma atmosfera mais densa, o que permitiu a ocorrência não apenas de água em estado líquido, mas também a existência de lagos e oceanos em sua superfície. Seria um cenário que permitiria, ao menos hipoteticamente, a existência de vida no planeta vermelho.
A presença de moléculas orgânicas complexas foi confirmada pela sonda Curiosity, da Nasa. Mas os dispositivos a bordo não puderam concluir se elas teriam origem biológica. Ou seja, a gente ainda não sabe se de fato houve vida em Marte.
Essa é a missão da Perseverance, sonda da Nasa enviada a Marte no final de julho, que deve pousar em 18 de fevereiro de 2021 na cratera Jezero, onde um rio correu de 3 a 4 bilhões de anos atrás, depositando lama, areia e sedimentos. Na Terra, micróbios de bilhões de anos foram encontrados fossilizados nas rochas de deltas semelhantes.
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