Confeiteiro bomba no Instagram dançando funk enquanto mostra seus bolos
Confeiteiro desde 2017, Alexandre Marques Ferreira, 20, recebia no máximo entre um e dois pedidos por semana até o início de agosto deste ano. Há três semanas, a procura disparou após ele postar alguns vídeos mostrando seus bolos enquanto dançava funk. A repercussão foi grande, o número de seguidores saltou de 2.800 para quase 36 mil no Instagram (@alexandre_ferreeira) e as encomendas subiram para oito a dez por semana.
Apaixonado por gastronomia desde criança, Ferreira começou a cozinhar aos oito anos de idade enquanto a mãe saía para trabalhar. Ao passar o dia em casa com os dois irmãos depois da escola, era ele quem preparava o jantar e fazia a sobremesa para quando a mãe voltasse do trabalho e pudesse comer e descansar. O hobby de criança virou profissão.
A ideia dos vídeos surgiu em seu perfil no TikTok, onde dançava e fazia dublagens de funk por diversão. "Um dia, eu vi o vídeo de um menino fazendo uma coreografia de funk enquanto mostrava um bolo. Eu curti e decidi que ia tentar fazer. A primeira tentativa não deu certo e eu nem postei", conta.
Alexandre pediu dicas para um amigo que fazia esses tipos de vídeos com transições, mas ensinando maquiagem. "Meu amigo falou para eu colocar TNT na parede e me indicou o aplicativo que ele usava para edição de vídeos. Eu segui as orientações dele e resolvi me arriscar".
Nos dias 18 e 21 de agosto, o confeiteiro postou dois vídeos, que tiveram em média 1.200 visualizações. No dia 22, ele postou o terceiro, que bombou e bateu 100 mil views em 24 horas no TikTok.
"Um site de fofocas viu a postagem e publicou no Instagram deles algo como: 'além de cozinheiro é funkeiro'. A partir daí, as pessoas começaram a me seguir e a me marcar no Insta, e a me mandar mensagens e deixar comentários. Fiz os vídeos por brincadeira e acabou tendo toda essa repercussão. Eu nem acreditei, fiquei muito feliz, até chorei de emoção no dia", comemora.
Aprendendo a confeitar no YouTube
A relação de Alexandre com a comida vem desde cedo. A mãe ensinou ele e os irmãos a preparar as refeições básicas do dia a dia, como arroz, feijão, bife, frango e salada. Como gostava de doces, ele aproveitava e fazia um bolo de caixinha ou brigadeiro de panela.
"Nem sempre ficava bom, mas minha família me incentivava bastante, me elogiavam dizendo que eu cozinhava muito bem. Isso me deixava tão feliz que, às vezes, eu deixava de brincar com os meus amigos para poder cozinhar", relembra.
Alexandre tinha 17 anos quando começou a trabalhar como confeiteiro. Com o hábito de pesquisar sobre doces na internet e assistir a tutoriais de receitas no YouTube, um dia ele viu uma barca de brigadeiro e resolveu fazer para vender. Postou no Facebook, e alguns amigos se interessaram e encomendaram.
Um dia, uma amiga de Alexandre sugeriu que ele fizesse bolos para festas e o indicou para uma amiga, que preparava o aniversário do filho. Mais uma vez recorreu ao YouTube para aprender a fazer um bolo personalizado com o tema Capitão América. "Foi um desastre. Eu comprei o bico de confeitar errado e não sabia a quantidade dos ingredientes. O bolo ficou estranho, bem torto. Eu mesmo desacreditei que tinha vendido um bolo daqueles", relembra rindo.
Venda por WhatsApp
Morando atualmente com os avós aposentados e um tio em Senador Canedo, em Goiás, Alexandre trabalha exclusivamente com confeitaria desde 2019 e ajuda a pagar as contas de casa com o que ganha das vendas. Com a repercussão dos vídeos, o rendimento de Alexandre subiu para R$ 1.300, mas tirando os gastos com ingredientes, o lucro fica em torno de R$ 800 a R$ 900.
A maioria das encomendas são feitas pelo WhatsApp e algumas pela conta profissional que ele criou no Instagram (@de_cheff_doces). Segundo ele, usar essas ferramentas são indispensáveis para a divulgação do seu trabalho. "Tem gente no meu bairro que nem sabe que eu sou confeiteiro, mas graças à tecnologia, tenho clientes de outras cidades", comemora.
O confeiteiro tem lidado de forma positiva com a repercussão. "Recebo muitas mensagens de carinho e tento responder todas sempre que possível. O pessoal me elogia, diz que sou talentoso, mas há também quem critique. A principal crítica é em relação ao estilo musical. Dizem que funkeiro não faz nada que presta e que o funk estraga meus vídeos. Na verdade, eu sofro mais preconceito por ser funkeiro do que por ser confeiteiro".
Mesmo com o número de seguidores aumentando a cada dia no Instagram, Alexandre não tem a pretensão de se tornar um influenciador digital. Sem nenhum curso na área, o jovem planeja prestar o Enem no ano que vem, tirar uma boa nota e conseguir uma bolsa para a faculdade de gastronomia.
Seu sonho é abrir uma confeitaria para obter independência financeira. "Tudo o que eu aprendi foi vendo receitas de revistas ou assistindo vídeos na internet, preciso me profissionalizar para crescer nessa área".
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