Gene de neandertais triplica risco de gravidade da covid-19, afirma estudo
Um traço genético vindo dos neandertais tem relação com sintomas graves da covid-19. É o que dizem cientistas da Suécia e Alemanha, que descobriram que uma fita de DNA dos nossos ancestrais, quando presente nos humanos modernos, triplica o risco do desenvolvimento da doença em sua pior forma. O estudo foi publicado na revista científica Nature, mas ainda não foi revisado.
Os cientistas Hugo Zeberg e Svante Pääbo compararam o DNA de pacientes graves da covid-19 com o de neandertais, analisando os genes contidos no cromossomo 3. Foi então que fizeram a descoberta: o trecho de DNA que torna os pacientes mais propensos a adoecer gravemente e serem hospitalizados era muito semelhante ao coletado de um neandertal na Croácia.
"Quase caí da cadeira porque o segmento de DNA era exatamente o mesmo do genoma do neandertal", diz Zeberg ao The Guardian.
Atualmente, esse DNA de 50 mil anos está presente em 16% dos europeus e em 50% da população do sul da Ásia. Em Bangladesh, até 63% da população é portadora do gene.
Os cientistas ainda não conseguiram descobrir o motivo de esse gene piorar a covid-19 mas, de acordo com Pääbo, a "estimativa aproximada" é que cerca de 100 mil pessoas morreram de coronavírus até agora por causa dessa herança genética.
Segundo a Nature, o estudo "é um manuscrito não editado que foi aceito para publicação". "A Nature Research está fornecendo esta versão inicial do manuscrito como um serviço aos nossos autores e leitores", aponta.
Eles acrescentam que o manuscrito passará por revisões antes de ser publicado na versão final.
Herança neandertal
Zeberg e Pääbo suspeitam que esses genes neandertais persistiram nos humanos modernos por tanto tempo porque já foram benéficos, sendo úteis no combate a outras infecções. Mas agora, com o novo coronavírus, eles mostraram o seu lado negativo.
Além dos genes de risco covid-19, os neandertais passaram outros genes aos humanos modernos — alguns aumentam a sensibilidade à dor enquanto outros reduzem o risco de aborto espontâneo.
Apesar do resultado promissor do estudo, o resultado ainda precisa ser analisado com cuidado. Segundo Mark Maslin, professor da Universidade College London e que não está ligado ao estudo, esse trabalho pode simplificar demais as causas e o impacto da pandemia.
"Covid-19 é uma doença complexa, cuja gravidade tem sido associada à idade, gênero, etnia, obesidade, saúde, carga de vírus, entre outras coisas", afirma Maslin, que diz que, conforme a covid-19 se espalha pelo mundo, é possível ver que muitas populações diferentes estão sendo gravemente afetadas — e muitas delas não têm esses genes neandertais.
"Devemos evitar simplificar as causas e o impacto da covid-19, pois, em última análise, a resposta de uma pessoa à doença é sobre o contato e, em seguida, a resposta de imunidade do corpo, que é influenciada por muitos fatores ambientais, de saúde e genéticos", afirma.
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