Lua 'avermelhada' pode ser efeito das queimadas no Pantanal e na Amazônia
A coloração avermelhada da Lua, verificada em algumas cidades das regiões Sul e Sudeste do país, pode ser consequência da fumaça das queimadas que consomem o Pantanal e a Amazônia. O efeito é causado pelo contato entre a luz do Sol e as partículas de fuligem suspensas na atmosfera.
"Pelo mesmo mesmo motivo, o Sol tem ficado bem vermelho ao nascer e ao se pôr. Você tem observado isso? Fuligem", explicou o professor Dulcidio Braz Jr., responsável pela coluna "Física na Veia", de Tilt. "Quando tivemos incêndios gigantescos aqui na Serra da Paulista e na Serra do Caracol (MG), a Lua nasceu alaranjada e, mesmo alta no céu, ainda estava bem laranja."
E quando fica laranja/vermelho?
A coloração alaranjada ou avermelhada acontece ao anoitecer e ao amanhecer, da mesma maneira que vemos o Sol ou céu nesse horário. Quando nasce, a Lua está tão próxima do horizonte que a luz por ela refletida precisa passar por uma espessa camada de atmosfera terrestre antes de chegar aos nossos olhos, diferentemente do que acontece quando o satélite aparece alto no céu, onde o ar é mais rarefeito.
Quando atravessa a atmosfera da Terra, a luz refletida pela Lua se dissipa pelo ar. Em contato com as moléculas de gases que compõem o ar, algumas cores se dispersam e ficam imperceptíveis. No caso da Lua (e até o Sol) próxima do horizonte, a atmosfera mais densa "absorve" a cor verde, azul e violeta e deixa passar somente os tons vermelhos.
O tom avermelhado fica mais intenso quando há partículas de queimadas, erupções vulcânicas ou poluição na atmosfera.
Agora, quando ela está bem no alto do céu, a luz refletida conserva a cor original, que é o branco (reunião de todas as cores). Isso porque o ar rarefeito das altitudes elevadas faz com que a perda das tonalidades azul, verde e violeta sejam pequenas.
É bom lembrar que a Lua reflete a luz branca que vem do Sol —que é formada por ondas de vários comprimentos, portanto, formada por várias cores. Embora nosso satélite pareça muito brilhante, reflete apenas 6,7% da luz que recebe do Sol. As partes mais brilhantes de sua superfície são as regiões mais altas e com crateras, compostas de rochas ricas em cálcio e alumínio. As regiões mais escuras são zonas mais baixas, chamadas 'mares', compostas de rochas basálticas que refletem muito pouco a luz, daí sua cor acinzentada.
O fenômeno foi observado em São Paulo (tuíte abaixo), em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul (foto acima) e também em Curitiba, no Paraná.
O Pantanal vive em 2020 seu pior ano pelo menos desde 1998, quando o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) começou a monitorar queimadas neste e em outros biomas. Até o fim de setembro, foram identificados 18.259 focos de incêndio no Pantanal, 45,6% a mais que os 12.536 verificados em todo o ano de 2005, o pior até então.
Só no mês passado foram 8.106 focos de calor — o pior setembro desde o início da série histórica. A máxima anterior — 3.963 — havia sido registrada em 2004.
Na Amazônia, a situação também é preocupante: o bioma já registrou 76.030 focos de incêndio nos nove primeiros meses de 2020, se aproximando dos 89.176 identificados em todo ano passado. Em setembro, foram 32.017 — a segunda pior marca da década, perdendo apenas para 2017 (36.569).
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