Nasa encontra pedaços de outro asteroide no Bennu, mas como foram parar lá?
Pedaços do Vesta, segundo corpo mais maciço do Cinturão de Asteroides —uma região circular do Sistema Solar formada por milhares de corpos rochosos— foram encontrados no Bennu, asteroide orbitado pela sonda Osiris-Rex, da Nasa, desde o final de 2018. Vesta mede 530 km de diâmetro, enquanto Bennu tem apenas 490 metros de diâmetro.
Essa descoberta permite que os pesquisadores tenham maior clareza sobre como os asteroides orbitavam o Sistema Solar em tempos passados, além de oferecer mais informações sobre a formação de Bennu —apelidado de "asteroide do fim do mundo" por sua probabilidade de colidir com a Terra (cerca de uma em 2,7 mil).
"Encontramos seis rochas com tamanhos de cinco a 14 pés —cerca de 1,5 a 4,3 metros— espalhadas pelo hemisfério sul de Bennu e perto do equador", disse Daniella DellaGiustina, cientista sênior da Universidade do Arizona em declaração oficial da Nasa.
Essa atividade mostra também que as órbitas dos asteroides mudam constantemente de acordo com a atração dos planetas e outros objetos no espaço, causando colisão de rochas espaciais.
As imagens do Osiris-Rex mostraram rochas brilhantes cheias de uma rocha ígnea, típica das rochas formadas em Vesta, até dez vezes mais brilhantes do que as comuns naquela região. Para essa descoberta, os cientistas estudaram a luz refletida nas pedras usando o espectrômetro de infravermelho que deu a eles uma noção da composição química das rochas.
O mais provável é que Bennu tenha adquirido essas rochas estranhas de seu asteroide original depois que um chamado "vestoide", um fragmento de Vesta, atingiu esse "corpo mãe". "Essas pedras são muito mais brilhantes do que o resto de Bennu e combinam com o material de Vesta", completou Daniella, que é também cientista líder em processamento de imagens do Osiris-Rex.
"Quando o asteroide principal (a "mãe" de Bennu) foi catastroficamente interrompido, uma porção de seus destroços se acumulou sob sua própria gravidade em Bennu, incluindo parte do piroxênio (minerais formadores de rochas) de Vesta", disse Hannah Kaplan, cientista espacial e pesquisadora do Goddard Space Flight Center da Nasa em Maryland.
Os cientistas da pesquisa também levantaram a possibilidade de que essas pedras já estivessem no asteroide mãe de Bennu em vez de virem de Vesta. Mas essa possibilidade é menos provável pelo fato de que o piroxênio se forma depois que o material rochoso derrete em alta temperatura. E Bennu é em grande parte feito de rochas com minerais aquáticos que não poderiam ter existido em tal ambiente.
"Um impacto necessário para derreter material suficiente para criar grandes rochas de piroxênio seria tão significativo que teria destruído o corpo mãe de Bennu", acrescentou a Nasa no comunicado. "Então, a equipe descartou esses cenários e, em vez disso, considerou outros asteroides ricos em piroxênio que poderiam ter implantado este material em Bennu ou em sua 'mãe'."
Outros estudos sugerem que antes de encontrar sua órbita próxima à Terra, Bennu costumava estar em outro cinturão de asteroides, entre Marte e Júpiter. Isso porque existem duas famílias de asteroides neste cinturão que possuem asteroides carbonáceos, semelhantes à composição do corpo mãe de Bennu.
O que tem intrigado os pesquisadores é por que apenas pedaços do Vesta apareceram em Bennu, já que nenhum outro tipo de asteroide foi encontrado nele. Para eles, esses vestoides provavelmente vieram das bacias de impacto de Veneneia e Rheasilvia (as maiores crateras de Vesta) que foram escavadas há cerca de 2 bilhões e 1 bilhão de anos, respectivamente.
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