China começa a construir o foguete que levará seus astronautas para a Lua
A China iniciou a construção de novo e moderno foguete para usar em sua missão tripulada à Lua. O veículo foi revelado na conferência 2020 China Space, em Fuzhou, no último dia 18 de setembro.
Ainda sem nome oficial, apelidado de "Foguete 921", ele será três vezes mais poderoso que o atual maior foguete chinês, o Long March 5. Com uma massa de decolagem de 2.200 toneladas, o novo lançador pode mandar uma nave de até 27 toneladas para a Lua.
O foguete será composto por três núcleos cilíndricos, com cinco metros de diâmetro cada, no estilo do Falcon Heavy, da SpaceX. O núcleo central terá 87 metros de comprimento, dividido em três estágios. Para acelerar o desenvolvimento, os propulsores utilizados serão os já existentes YF-100K.
"O mundo está vendo uma nova onda da exploração espacial, tripulada ou não. Projetos de cooperação internacional para missões lunares tripuladas estão entrelaçados e influenciam uns aos outros", disse Zhou Yanfei, designer do programa de voos espaciais humanos da China, à mídia estatal chinesa.
A chegada de astronautas chineses na Lua está prevista para 2024, mas o país ainda não anunciou a data dos primeiros voos de teste ou de um pouso não-tripulado em nosso satélite com o novo foguete. Há muitos desafios pela frente.
"Por exemplo, precisamos que nossa nave consiga chegar à Lua e retornar. Mas a capacidade de transporte de nossos foguetes Long March não atende às demandas. Nossas espaçonaves Shenzhou para a órbita baixa da Terra também são incapazes de cumprir as necessidades para pousar na Lua. Além disso, precisamos de um módulo de pouso para a missão", disse Zhou.
Em maio, a China lançou um protótipo de uma cápsula espacial de nova geração — parecida com a Crew Dragon, da Space X — para testes em órbita, usando o foguete Long March 5B. O teste foi bem-sucedido, mas o estágio principal do foguete, de 20 toneladas, caiu descontroladamente de volta à Terra, danificando alguns vilarejos da África Ocidental com grandes destroços. Foi o maior pedaço de lixo espacial a atingir o planeta em quase três décadas.
O programa espacial chinês
A China investe bilhões de dólares em seu ambicioso programa espacial para tentar alcançar o nível das agências norte-americana e europeia. Em 2003, enviou seu primeiro astronauta ao espaço. Em 2013 e 2019, pousou pequenos robôs na Lua. Agora, está a caminho de Marte, em uma corrida com os Emirados Árabes e os Estados Unidos.
A Tianwen-1 — algo como "perguntas celestiais 1" —, que deve chegar a Marte em fevereiro do ano que vem e retornar até 2030, é a primeira missão interplanetária totalmente chinesa. A primeira tentativa frustrada de ir ao espaço profundo, em 2011, nem saiu de nossos arredores: o orbitador Yinghuo-1, com a nave russa Fobos-Grunt, perderam contato logo após a decolagem e caíram de volta na Terra dois meses depois.
O governo do país ainda não aprovou oficialmente o programa lunar tripulado, mas tem falado abertamente sobre essas missões. A meta é desembarcar astronautas no polo Sul da Lua em 2024. Planos anteriores envolviam um foguete Long March 9, similar ao Sistema de Lançamento Espacial (SLS) da Nasa, que precisaria de novas tecnologias e só estaria pronto para testes de voo por volta de 2030.
O "Foguete 921" permitirá chegar mais cedo à Lua. Ele foi apelidado em homenagem à criação do programa de voos espaciais humanos da China, em 21 de setembro de 1992. Décadas depois, o país ainda enfrenta grandes desafios.
"Carecemos de capacidade de sobrevivência em circunstâncias extraterrestres. Não temos nenhuma experiência nisso ainda. Nem temos capacidade de suporte terrestre. Até agora, nossas missões de exploração espacial tripuladas têm se concentrado em tarefas em órbita baixa da Terra", ressaltou Zhou.
O moderno centro de lançamentos Wenchang Satellite Launch Center, na ilha de Hainan, foi construído especialmente para missões com foguetes enormes, como o Long March 5 e o novo veículo, que permitirão a exploração do espaço profundo e o programa tripulado.
A China também desenvolve outros foguetes menores, para atualizar os mais antigos que ainda usam combustível hipergólico tóxico, e trazer mais recursos, incluindo um reutilizável, como o Falcon 9 da SpaceX.
O país também quer começar a implantar uma grande estação espacial no ano que vem —que poderia se tornar a única operacional, após o fim da Estação Espacial Internacional (ISS).
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