Astrônomos conseguem pela 1ª vez imagem de exoplaneta com novo método
Pesquisadores detectaram um novo exoplaneta —nome dado a planetas que orbitam outras estrelas que não o Sol— chamado Beta Pictoris c usando um método diferente dos anteriores.
Esses planetas longínquos costumam ser detectados na astronomia, em sua maior parte, por métodos diferentes da observação convencional, como cronometria de pulsares, astrometria e microlentes gravitacionais.
O Beta Pictoris c, um gigante formado por gases nove vezes maior que Júpiter e que orbita a estrela Beta Pictoris, a 63 anos-luz da Terra, foi encontrado no ano passado com o método de velocidade radial. Este é o nome dado à medição de variações na velocidade com a qual a estrela se afasta ou se aproxima de nós. Também é conhecido como "método Doppler".
Esse método tem sido usado por muitas décadas para detectar a existência de centenas de exoplanetas, mas agora foi a primeira vez que os astrônomos obtiveram uma observação direta de um desses planetas com o mesmo método. Eles conseguiram medir o seu brilho e a sua massa, o que leva a uma nova forma de compreender como os planetas se formam e evoluem.
Acima, a imagem à esquerda, construída com dados de observações reais, mostra a estrela e os dois planetas em um disco de poeira. A imagem do meio é uma impressão artística do sistema. A imagem à direita mostra as dimensões do sistema quando visto de cima
A busca por melhores imagens do Beta Pictoris c fez parte de um experimento em colaboração com a equipe do Gravity, um potente telescópio do Telescópio de Longo Alcance (VLT, na sigla em inglês), instalação hospedada no Deserto do Atacama, no Chile.
A equipe Exogravity, liderada pelo astrônomo Mathias Nowak, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, achou que o Beta Pictoris c seria um excelente candidato para imagens diretas porque havia um bom conjunto de dados de velocidade radial vindos dele. Além disso, seu irmão, o Beta Pictoris b, descoberto em 2008, já havia sido fotografado diretamente, o que tornou mais certa a aposta por melhores imagens.
Essas imagens revelaram uma surpresa: o Beta Pictoris c é surpreendentemente "pálido", seis vezes mais tênue que seu irmão, embora ambos tenham um tamanho semelhante, o que pode indicar que o Beta Pictoris c seja mais frio que o b.
Seu brilho sugere que sua temperatura está em torno de 1.250 Kelvin (976° C), contra 1.724 Kelvin (1750° C) do Beta Pictoris b. Esta pode ser uma pista de como o exoplaneta se formou, já que em modelos, a temperatura de um exoplaneta bebê está relacionada ao seu método de formação.
Em um modelo de formação de planetas chamado de "instabilidade de disco", o exoplaneta não tem núcleo sólido e se forma de maneira mais quente e brilhante. Já no modelo chamado de "acréscimo de núcleo", o exoplaneta tem um núcleo sólido e se forma mais frio e escuro.
Como o Beta Pictoris c é menor e mais escuro do que o esperado, a equipe acredita que ele se formou por meio do segundo processo. A próxima etapa da pesquisa deve obter espectros detalhados da luz emitida pelo exoplaneta.
A partir disso, os cientistas podem descobrir a sua composição atmosférica —uma técnica importante na busca por sinais de vida em outras partes da galáxia.
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