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Nobel de Física premia trio por descobertas sobre buracos negros

Roger Penrose, Reinhard Genzel e Andrea Ghez são anunciados como os vencedores do Nobel de Física de 2020 - News Agency/Fredrik Sandberg via Reuters
Roger Penrose, Reinhard Genzel e Andrea Ghez são anunciados como os vencedores do Nobel de Física de 2020 Imagem: News Agency/Fredrik Sandberg via Reuters

De Tilt, em São Paulo

06/10/2020 07h27Atualizada em 06/10/2020 08h42

O britânico Roger Penrose, o alemão Reinhard Genzel e a americana Andrea Ghez são os vencedores do Prêmio Nobel de Física em 2020 por suas descobertas sobre os buracos negros, anunciou hoje o júri.

Penrose, 89, professor da Universidade de Oxford, ficou com metade do prêmio por seu trabalho que usa a matemática para provar que os buracos negros são uma consequência direta da teoria geral da relatividade.

Genzel, 68, do Instituto Max Planck e da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e Ghez, 55, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, dividiram a outra metade por terem descoberto que um objeto invisível e extremamente pesado governa a órbita das estrelas no centro da nossa galáxia.

O valor do prêmio é de 10 milhões de coroas suecas, cerca de R$ 6,3 milhões.

Ghez é a quarta mulher a vencer o Nobel de Física, a categoria com o maior predomínio masculino entre as seis que integram o prêmio.

Antes dela, as outras premiadas foram Donna Strickland, do Canadá, em 2018; a polonesa Marie Curie, pioneira no estudo da radiação, em 1903, e a germano-americana Maria Goeppert-Mayer, que recebeu a honraria em 1963 por seus estudos de física teórica.

"Espero poder inspirar outras mulheres nesse campo. É um campo que oferece muitos prazeres, e se você é apaixonado pela ciência, há muito que pode ser feito", afirmou Ghez, em coletiva de imprensa.

A premiação deste ano acontece sob a sombra da pandemia de covid-19, que limitou a maior parte das festividades que geralmente cercam os prêmios e colocou os cientistas de todo o mundo em uma corrida para desenvolver uma vacina.

No ano passado, o Nobel de Física premiou James Peebles, Michel Mayor e Didier Queloz por suas contribuições para "uma nova compreensão da estrutura e da história do Universo".

Buracos negros

Os buracos negros supermassivos são um enigma da astrofísica, sobretudo, pela maneira como se tornam tão grandes. Sua formação é objeto de muitas pesquisas. Os cientistas acreditam que devoram, a uma velocidade sem precedentes, todos os gases emitidos pelas galáxias muito densas que os cercam.

Como são invisíveis, os buracos negros podem ser observados somente por contraste, com a análise dos fenômenos que geram a seu redor. Uma primeira imagem foi revelada ao mundo em abril de 2019.

A astrofísica e a física quântica, que se concentra no estudo do infinitamente pequeno, eram consideradas favoritas para o Nobel de 2020.

Quem são os laureados

Roger Penrose nasceu em 1931 em Colchester, Reino Unido. Conseguiu seu Ph.D. em 1957 na Universidade de Cambridge, também no Reino Unido. É professor da Universidade de Oxford.

Reinhard Genzel nasceu em 1952 em Bad Homburg vor der Höhe, Alemanha. Obteve seu Ph.D. Em 1978 na Universidade de Bonn. É diretor do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre, em Garching, Alemanha, e professor da Universidade da Califórnia, Berkeley, EUA.

Andrea Ghez nasceu em 1965 na cidade de Nova York, EUA. Obteve seu Ph.D. em 1992 no Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena, também EUA. É professora da Universidade da Califórnia, em Los Angeles.

Cronograma do Nobel

Ontem, o Nobel de Medicina premiou dois americanos e um britânico pela descoberta do vírus da hepatite C. Amanhã será anunciado o Nobel de Química; na quinta-feira, o prêmio de Literatura.

O Nobel da Paz será revelado na sexta-feira em Oslo. E o prêmio de Economia, criado em 1968, encerrará a temporada na próxima segunda-feira (12).

História do prêmio

Os prêmios Nobel nasceram da vontade do sábio e industrial sueco Alfred Nobel (1833-1896), inventor da dinamite, de legar grande parte de sua fortuna aos que trabalham por "um mundo melhor". Ele é lembrado como o patrono das artes, das ciências e da paz que, antes de morrer, no limiar do século 20, transformou a nitroglicerina em ouro.

Em seu testamento, assinado em Paris em 1895, um ano antes de sua morte em San Remo (Itália), ele designou os diferentes comitês que atribuem os prêmios a cada ano: a Academia Sueca para o de Literatura, o Karolinska Institutet para o de Medicina, a Real Academia Sueca de Ciências para o de Física e o de Química, e um comitê de cinco membros especialmente eleitos pelo Parlamento norueguês para o da Paz.

* Com informações de AFP, Estadão Conteúdo, Reuters RFI