Saudades do Concorde? Jato promete viagens supersônicas com passageiros
A startup Boom Supersonic acaba de revelar o protótipo de seu primeiro jato comercial, que promete inaugurar uma nova era de viagens ultrarrápidas. Testes de voo serão realizados no ano que vem, para comprovar a viabilidade da tecnologia.
Se tudo der certo, o XB-1 dará origem a um avião supersônico (mais rápido que a velocidade do som) três vezes maior, para voos longos de passageiros, parecido com o icônico Concorde. Chamado Overture, ele deve ser lançado em 2025, com a promessa de reduzir as viagens para até um terço do tempo previsto.
O protótipo tem cerca de 20 metros de comprimento e capacidade para apenas uma pessoa —o único piloto. Traz um design parecido com os caças militares, com o avião construído ao redor dos três motores. É, basicamente, um foguete com asas e controles de voo.
A fuselagem é de fibra de carbono, titânio e alumínio, forte o suficiente para suportar altas temperaturas e leve o bastante para facilitar a ultrapassagem da barreira do som. O Overture terá um custo estimado de US$ 200 milhões (cerca de R$ 1,1 bilhão na cotação atual).
Especula-se que a nova era da aviação supersônica comercial não será liderada por gigantes como Airbus ou Boeing, mas por startups como a Boom Supersonic, uma empresa de aviação criada em 2014 no Colorado (EUA).
O Concorde, o primeiro avião supersônico de passageiros, ficou conhecido por suas viagens transatlânticas ultrarrápidas. Dava para ir de Nova York a Londres em três horas, ou do Rio de Janeiro a Paris em cinco horas e meia. Em um Boeing 777, por exemplo, esta viagem demora entre 12 e 14 horas.
Ele operou entre 1969 e 2003, pelas companhias British Airways e Air France, e até hoje deixa saudades entre os afortunados. O aumento dos custos de manutenção, o insuficiente número de passageiros (um bilhete custava até US$ 16 mil) e um polêmico acidente em 2000, que matou 103 pessoas, foram responsáveis pelo declínio do Concorde.
De acordo com a Boom, as viagens no Overture serão mais confortáveis, mais baratas e ainda mais rápidas. A cabine acomodará até 55 passageiros, na configuração 1-1 (apenas duas fileiras individuais de assento, separadas pelo corredor), com grandes janelas. O antecessor tinha capacidade para 100 pessoas, 2-2, e janelas minúsculas.
Ele atingirá velocidade Mach 2.2, ou aproximadamente 2.695 km/h, baixando em 15 minutos o tempo Nova York-Londres do Concorde, que voava a Mach 2.02. Uma passagem deverá custar cerca de US$ 5 mil —ainda cara, mas mais barata que a do seu antepassado.
A futura aeronave também será mais leve e um pouco menor que o Concorde, reduzindo custos e facilitando a lotação dos voos. E resolverá um problema: o nariz alto e comprido, que obstrui a visão dos pilotos, principalmente durante o pouso.
No Concorde, a solução "low tec" foi um nariz móvel, que podia ter seu ângulo alterado pelos pilotos nos momentos críticos. No XB-1, câmeras no bico e no trem de pouso são a solução. No futuro, o sistema pode até ser usado para voos autônomos.
Mas ainda são necessárias horas e horas de simuladores em solo e de testes de voo —que serão realizados no deserto de Mojave, Califórnia— antes de nos empolgarmos com o retorno das viagens supersônicas.
O projeto tem como investidoras a Virgin Atlantic e a Japan Airlines. Já há mais de 30 pré-pedidos do Overture, vindos de diversas companhias aéreas do mundo todo. Até a Força Aérea norte-americana quer usar a tecnologia para desenvolver uma versão supersônica do Air Force One, o avião presidencial.
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