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Bola de fogo no céu do Ceará causa tremor e dispara caça a meteorito

Bólido avistado no Ceará - Reprodução/Clima ao Vivo
Bólido avistado no Ceará Imagem: Reprodução/Clima ao Vivo

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt

11/10/2020 11h01

Moradores da região do Maciço do Baturité, ao sul de Fortaleza (CE), relataram neste sábado (10) terem ouvido fortes barulhos, sentido tremores de terra e visto um evento luminoso no céu, que durou alguns segundos, por volta das 6h40 da manhã. A ferramenta "Reportar Bólido" do site da Exoss, rede brasileira de monitoramento de meteoros, recebeu até agora 21 relatos de pessoas que viram o fenômeno a olho nu na região próxima ao litoral do Estado.

Confirmado! Um meteoro entrou na atmosfera terrestre e explodiu nos céus do Ceará neste sábado, dia 10 de outubro! Uma câmera da empresa Clima ao Vivo instalada em Fortaleza registrou o momento em que o rastro luminoso risca o céu, às 6h42 da manhã, hora local. O clarão é bastante rápido e em meio às nuves, mas o vídeo, fornecido pelo @climaaovivo para o Observatório Nacional, mostra o bólido. Ontem, moradores da região do Maciço do Baturité, ao sul de Fortaleza, no Ceará, relataram fortes barulhos, tremores de terra e um evento luminoso no céu. Agora, com esta imagem somada às do satélite Goes 16, os astrônomos da rede colaborativa EXOSS de monitoramento de meteoros, da qual o ON é parceiro, vão estudar as características deste bólido - um bólido é um meteoro brilhante. Se você viu este meteoro, faça seu relato à rede EXOSS: https://exoss.imo.net/. Diariamente, fragmentos de asteroides chegam à Terra, podendo colidir com a superfície, quando passam a ser chamados de meteoritos. Os meteoritos são verdadeiras relíquias pois guardam informações sobre os primeiros estágios da formação do nosso sistema solar. O Brasil não tem ainda legislação que trate do destino destes materiais e o ON integra o Grupo de Discussão criado pelo MCTI para apresentar propostas que visem garantir a devida destinação destes fragmentos, para que possam servir aos interesses científicos. No Observatório Astronômico do Sertão de Itaparica (OASI), instalado pelo ON em Itacuruba, no sertão de Pernambuco, é levado adiante o projeto IMPACTON, dedicado ao estudo das propriedades físicas de asteroides e cometas, particularmente os que possuem órbitas próximas à da Terra. Esta iniciativa integra o Brasil aos programas internacionais de busca e seguimento de asteroides e cometas em risco de colisão com a Terra. @exoss_org @climaaovivo @sismologiabr #ObservatórioNacional #VemProON #astronomia #meteoro #RSBR #sismologia #terremoto

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Imagens do satélite meteorológico GOES-16, geoestacionário a 36 mil km de altitude confirmaram um evento luminoso na região, com características de bólido.

"O fenômeno luminoso é a manchinha colorida que aparece no canto superior, um pouquinho para a direita. É ali que foi registrado um evento de alta descarga de energia na atmosfera, que pode, de fato, representar a entrada de um bólido bem grande", disse Marcelo De Cicco, astrônomo-coordenador do projeto Exoss e pesquisador do Inmetro.

O estudante de engenharia elétrica Jan Cláudio R. contou que ouviu um barulho "como de um avião quando quebra a barreira do som, porém, abafado". Segundo ele, o fenômeno foi "rápido e muito cintilante, explodindo na metade do caminho, deixando pequeno a rastros luminosos, que foram se desfazendo e deixando uma pequena nuvem esbranquiçada".

Já Lucas A., de Pacoti (CE), disse que "foi um som muito alto como um trovão, uma bomba ou avião caindo, tremeu a terra."

Charles Miller lembra que "estava deitado ainda e começou um barulho muito alto cortando o céu na direção Sul-Norte. Parecia uma grande explosão ou um trovão muito longo. Houve relatos de objetos tremendo".

O que é um bólido?

Trata-se de um grande meteoro, que explode gerando uma luz muito brilhante, com magnitude a partir de -4 (quanto mais negativo o número, mais luminoso).

A magnitude visual estimada do evento do Ceará foi de -10.

De acordo com a Exoss, os sons e tremores sentidos pelos moradores da região devem ser o estampido sônico, típico de bólidos grandes. Devido à altíssima velocidade e ao ângulo abrupto de entrada do corpo na atmosfera, o bólido gerou uma onda de choque —os tremores não são resultado de uma colisão com a superfície da Terra.

As estações da Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), coordenada pelo Observatório Nacional, não registraram atividade sísmica que poderia ter causado os tremores.

Segundo De Cicco, tudo indica que o bólido deste final de semana é do tamanho do meteorito de Santa Filomena, no sertão de Pernambuco, que caiu no dia 19 de agosto e gerou uma corrida de pesquisadores estrangeiros e moradores locais por fragmentos do valioso material espacial.

Não se sabe se a explosão de agora vaporizou totalmente o corpo ou se caíram pequenos fragmentos em solo, que recebem o nome de meteoritos. Os fragmentados costumam ser apenas alguns gramas e não representam risco a pessoas ou construções.

"Se for de cometa, não sobrou nada. Se for de asteroide, mais rochoso, pode ter caído meteorito naquela região, o que dispara de novo uma corrida de caçadores de meteorito, secos por explorar isso e contrabandear o material lá para fora. Mas agora estamos mais de olho, porque isso desrespeita as nossas leis", ressalta o especialista.

Se você testemunhou o fenômeno ou tiver alguma informação sobre meteoritos encontrados, pode fazer seu relato no site da Exoss e contribuir com a pesquisa. Tremores de terra podem ser relatados na plataforma Sentiu Aí, do Centro de Sismologia da USP, instituição que integra a RSBR.