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Dá para saber se alguém usou cocaína só de analisar sua impressão digital

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Imagem: iStock

Carina Brito

Colaboração para Tilt

11/10/2020 04h00

Sem tempo, irmão

  • Teste é capaz de mostrar se você usou ou não cocaína em menos de dois minutos
  • Método busca benzoilecgonina na ponta dos dedos, molécula produzida após o consumo
  • A técnica de impressão digital foi 95% precisa, mesmo após 48h do uso
  • Pesquisadores esperam que técnica seja usada como uma ferramenta forense

A impressão digital é a sua marca pessoal, o que te diferencia de todas as outras pessoas. Agora, pesquisadores descobriram que ela pode passar outra nova informação: revelar se você tocou ou ingeriu cocaína recentemente.

O teste, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Surrey, no Reino Unido, e publicado na revista científica "Scientific Reports", é capaz de mostrar o resultado em menos de dois minutos.

Os pesquisadores coletaram impressões digitais de pessoas que procuravam tratamento em clínicas de reabilitação e que disseram ter consumido cocaína nas últimas 24 horas. Também usaram amostras de um grupo de não usuários que havia apenas tocado na droga. Ainda analisou as impressões digitais de pessoas que tocaram amostras de cocaína com 99% de pureza, e amostras menos puras.

Os participantes do teste pressionavam o dedo em um pedaço de papel especial por dez segundos, e uma técnica chamada espectrometria de massa de alta resolução foi usada para dizer se havia presença tanto da cocaína quanto da benzoilecgonina, molécula excretada pela pele após a ingestão da droga.

Foi aí que os cientistas conseguiram achar uma chave de diferenciação: a benzoilecgonina não aparece nas amostras de pessoas que apenas tocaram na droga. Mesmo quando o participante lavou as mãos com água e sabão e as secou completamente usando toalhas de papel, foi possível detectar a molécula no suor.

A técnica de análise da impressão digital foi 95% precisa nas 86 amostras, mesmo após 48 horas do contato ou da ingestão, e não variou de acordo com a quantidade de droga ingerida —por razões de saúde e segurança, a dose de cocaína tocada foi limitada a 2 mg.

"A limitação deste estudo é a incapacidade de testar doses mais altas para explorar por quanto tempo grandes doses de cocaína podem persistir nos dedos", diz o estudo.

Otimistas, os pesquisadores acreditam que a técnica será usada como uma ferramenta para determinar a presença de cocaína nas impressões digitais em cenas de crime.

Além disso, o método seria útil para diferenciar pessoas que ingeriram cocaína de outras que apenas tocaram, já que a questão criminal é diferente em cada um dos casos.