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Sensação do TikTok: Conheça Bunny, a cachorrinha que "fala" o que quer

A cachorrinha Bunny, de 15 meses, e a sua tutora Alexis Devine - Reprodução/Instagram/@what_about_bunny
A cachorrinha Bunny, de 15 meses, e a sua tutora Alexis Devine Imagem: Reprodução/Instagram/@what_about_bunny

Mirthyani Bezerra

Colaboração para Tilt

13/11/2020 13h37

Sem tempo, irmão

  • Bunny é uma cachorrinha de sucesso no TikTok com mais de 5 milhões de seguidores
  • A sua habilidade é usar um sistema com 70 botões para "falar" com sua tutora
  • Com ele, Bunny pede carinho e fala para a tutora quando algo não vai bem
  • Bunny inspirou uma pesquisa científica sobre comunicação e cognição de animais

Como qualquer cachorro, Bunny adora receber um carinho, fica estressada quando vê um passarinho do lado de fora, pede para ir ao banheiro. A diferença é que ao invés de simplesmente latir, a cachorrinha consegue expressar com palavras o que quer e como está se sentindo. Isso mesmo: palavras!

Claro que a doguinha, uma mistura de cão pastor com poodle, não fala, mas pressiona um conjunto de botões ordenados no chão da sala da casa onde vive, que por sua vez emitem as palavras.

"Mais. Cafunés. Agora", indica a cachorra em um dos vídeos publicados por sua tutora, Alexis Devine, na conta "what_about_bunny" no TikTok. O perfil tem mais de cinco milhões de seguidores fascinados com a habilidade de Bunny de "falar" o que deseja e sente.

Em outro vídeo, a cachorrinha consegue manter um diálogo mais complexo com a "mãe", expressando sentir dor na pata e que algo desconhecido a está incomodando.

Esse é o diálogo entre as duas, em tradução livre para o português:

-- "Chateada", pressiona Bunny
-- Por que você está chateada?, pergunta Alexis
-- "Ai"
-- Onde "ai"?
-- "Estranho"
-- No seu ouvido? Onde estranho?
-- "Pata"
-- Na sua pata? Me deixe ver a sua pata.

Bunny mostra a patinha e Alexis encontra o que parece ser um fiapo de madeira entre os dedinhos da cachorra.

Bunny, de 15 meses, tem 70 botões com palavras como "outside" (fora), "beach" (praia), "mom" (mãe), "água" ordenadas por grupos de temas em cima de uma espécie de tabuleiro.

O sistema é um dispositivo de comunicação aumentativa e alternativa— um termo genérico para ferramentas que vão desde quadros com símbolos até dispositivos geradores de fala — que normalmente é usado por pessoas que não conseguem se comunicar por meio da fala.

Alexis Devine contou ao The Verge que começou a ensinar Bunny a usar o dispositivo há cerca de um ano e que tirou a ideia dos vídeos feitos por Christina Hunger, uma fonoaudióloga, que também ensina a cachorra dela, Stella, a se comunicar usando o sistema de botões.

A primeira palavra de Bunny foi "outside" (fora). O botão foi colocado ao lado da porta era pressionado por Alexis sempre que as duas saíam.

Eles conseguem mesmo se comunicar?

Se os cachorros de fato aprendem a se comunicar e a maneira como eles desenvolveriam essa habilidade ainda é uma incógnita para a ciência.

Pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA), criaram um projeto para estudar cachorros como Bunny e Stella com o objetivo de determinar cientificamente se não-humanos podem realmente usar linguagem fala para se comunicar.

O projeto intitulado How.TheyCanTalk.Org (Como eles conseguem falar, em tradução livre) já conta com 700 participantes, entre cachorros, gatos e até cavalos.

No experimento, cada participante é instruído a como instalar os botões e a começar com palavras como "outside" (lá fora) e "play" (brincar). Além disso, são instaladas câmeras para acompanhar a ação dos animais. As filmagens são para o laboratório para serem analisadas pelos pesquisadores.

Com a pesquisa, os cientistas querem ir além de simplesmente descobrir se os animais podem se comunicar usando linguagem. Eles querem entender como funciona o processo de cognição e comunicação deles, assim, a velocidade com que um animal aprende que a associar o botão "outside" com a ação de ir para fora da casa pode revelar muito mais do que o simples fato de ele ter apertado o botão.

Os pesquisadores buscam, ainda, descobrir se animais são capazes de formar narrativas, uma característica até então tida como exclusivamente humana.

Eles querem responder perguntas do tipo: Quando Bunny aperta os botões "where" (onde) e "dad" (pai)", isso significa que ela tem uma sensação de deslocamento espacial, em que está ciente de que o "pai" não está presente na sala com ela?

A tutora de Bunny tem uma teoria sobre como ela aprende a se comunicar: "Minha teoria é que ela memoriza os botões como um teclado, tipo como pianistas que podem tocar músicas incríveis sem ter que olhar para as teclas. É como a memória muscular", disse Alexis Devine em entrevista a The New Tribune.