Topo

Nada de Star Wars: cientistas mostram como seria uma guerra no espaço hoje

shutterstock
Imagem: shutterstock

Felipe Oliveira

Colaboração para Tilt

16/11/2020 04h00

A autorização do Congresso dos Estados Unidos para a criação de uma Força Espacial dotada de US$ 738 bilhões em gastos militares atiçou a imaginação de muita gente sobre como seria uma guerra no espaço. Mas se você pensou em algo como Star Wars, com naves em alta velocidade e perseguições aéreas, saiba que a vida real pode ser muito diferente disso.

Dificilmente veremos uma Estrela da Morte sendo atingida em cheio pela X-Wing ou a Millenium Falcon voando na velocidade da luz para fugir de perseguidores. Um relatório publicado pela The Aerospace Corporation, que investiga o que é fisicamente possível quando se trata de combate espacial, mostra que a batalha fora da Terra será muito mais lenta e até um pouco desajeitada.

Para começar, todas as restrições físicas levantadas pelos especialistas apontam que as batalhas precisarão ser planejadas com bastante antecedência. Isso porque, de acordo com a dra. Rebeca Reesman e o dr. James Wilson, responsáveis pelo estudo, controlar o espaço não significa necessariamente conquistar fisicamente setores dele, ao contrário do que acontece em uma guerra na Terra.

Em vez disso, o fundamental nessa batalha seria reduzir ou eliminar a capacidade dos satélites adversários, ao mesmo tempo em que se deve conseguir manter livremente a capacidade de operar a comunicação, navegação e observação a partir do próprio satélite.

Dificuldades

Uma vez que os satélites estão em órbita, eles simplesmente não são capazes de mudar de direção ou girar com um avião de combate, tornando um conflito direto muito menos provável do que os retratados nos filmes.

"Qualquer conflito no espaço será muito mais lento e deliberado do que uma cena de Star Wars", disse Rebecca Reesman ao Aerospace. "Em vez disso, as ameaças baseadas no espaço não teriam tripulação e exigiriam um planejamento lento e deliberado para chegar à posição", completou.

Outro ponto levantado pelo relatório é que um tiro simples não bastaria para derrubar um satélite. Isso porque os satélites de movem rapidamente, a uma velocidade que varia entre 3 km/s e 8 km/s, enquanto um bala comum viaja a 0,75 km/s. Ou seja, outro tipo de tecnologia seria necessário para atingir o adversário.

Outra situação destacada é com relação ao tamanho do espaço. O volume do espaço entre a órbita terrestre baixa e a órbita geoestacionária é de cerca de 200 trilhões de quilômetros cúbicos, algo 190 vezes maior que o volume da Terra. Logo, conquistar o espaço demandaria mais tempo do que podemos imaginar.

Como seriam os ataques?

O levantamento publicado pela Aerospace mostra algumas formas de desativar os satélites inimigos. Além dos mísseis baseados em terra, que poderiam ser direcionados, os especialistas apontam que sinais de rádio poderiam ser utilizados para interferir nos satélites ou até mesmo falsificá-los, enviando comandos prejudiciais.

Os autores sugerem ainda que atualmente é improvável um satélite utilizando armas cinéticas para derrubar inimigos, já que isso demandaria muita energia para colocar o tiro na trajetória adequada.

O mais provável, então, seria o choque entre os satélites, com uma nação colocando um satélite na mesma órbita do adversário.

Os países que operam satélites na órbita da Terra, contudo, são bastante incentivados para evitar ao máximo o choque entre eles. Isso porque uma colisão pode provocar muito destroços e, apesar de o risco para terráqueos ser quase nulo (já que a atmosfera daria conta de desintegrá-los), eles podem colidir e danificar inúmeros outros satélites no futuro.