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Estudo sugere que fenômeno da quintessência pode sumir com nosso Universo

Greg Rakozy/Unsplash
Imagem: Greg Rakozy/Unsplash

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt

30/11/2020 17h06

Sem tempo, irmão

  • Nova teoria sugere que a energia escura não é a razão da expansão do universo
  • O causador da expansão seria um quinto elemento, chamado de quintessência
  • É complexo, mas se isso for verdade o Universo poderia parar de crescer e se retrair

Cientistas afirmam que os átomos representam apenas 5% de todo o universo. O restante seria composto tanto por matéria escura quanto por energia escura. Essa última seria a razão pela qual o universo continua a se expandir de maneira acelerada. Mas um estudo publicado na revista Physical Review Letters trouxe evidências de que a "culpa" da expansão do Universo seria, na verdade, de um tipo de energia escura chamada de quintessência.

O artigo, assinado pelos cosmologistas Yuto Minami, do Japão, e Eiichiro Komatsu, da Alemanha, sugere que esse elemento também deverá ser responsável pelo futuro desaparecimento do Universo.

Segundo eles, ao contrário do que se achava, a quintessência não seria uma propriedade inerente do espaço determinada por uma constante —no caso, a chamada constante cosmológica, conceito de energia escura que trata da densidade de energia do espaço— nem uma forma de matéria.

Além disso, ao contrário da constante cosmológica, que é sempre fixa, a densidade da quintessência poderia variar com o tempo. Em outras palavras, pode ser equivocada a ideia de que o Universo está em constante expansão. Se isso for verdade, o crescimento do Universo poderia desacelerar, culminando no seu desaparecimento.

Desde 1930, já se sabe que o Universo está se expandindo e de maneira acelerada. Mas foi em 1998 que os cientistas propuseram, pela primeira vez, uma teoria de que uma "constante cosmológica" seria o combustível responsável por essa expansão. Essa constante foi chamada de energia escura. Mas ela nunca conseguiu ser comprovada, de fato, e nem todos os cientistas concordavam totalmente com ela. A teoria da quintessência é uma prova disso.

Para testar a hipótese de que seria esse quinto elemento e não a energia escura que regeria a expansão do Universo, os pesquisadores supuseram que a quintessência teria que afetar a luz de certas maneiras à medida que se espalha por todo o cosmos. Algo que seria tecnicamente impossível dentro da teoria da energia escura.

Para provar a "quintessência", os cientistas vasculharam mapas CMB (Fundo Cósmico de Microondas, na sigla em inglês), que mostram a radiação eletromagnética restante dos primeiros estágios do Universo, à procura de certas assinaturas de luz.

Ao observar os dados do CMB coletados pela missão Planck— lançada em 2009 pela ESA (Agência Espacial Europeia) com o objetivo de estudar esse resquício de radiação Big Bang —, eles teriam identificado sinais de quintessência, usando uma técnica inteiramente nova. Foram encontrados campos elétricos de luz polarizada "balançando" em direções específicas — e não em qualquer direção.

A descoberta, porém, ainda necessita de estudos complementares. Se confirmada, pode ter consequências drásticas para a nossa compreensão do cosmos. Afinal, se o que expande o Universo for a quintessência, essa expansão poderia desacelerar, e o Universo, desaparecer totalmente. O processo poderia até ser revertido, mas faria com que o Universo se quebrasse, como uma lata de refrigerante amassada.