Satélite dos EUA consegue ver através das paredes? Entenda o caso
Uma empresa chamada Capella Space lançou na órbita da Terra, meses atrás, um satélite capaz de fazer imagens em alta resolução de qualquer lugar do mundo, seja dia ou noite, faça chuva ou faça sol. Usando uma tecnologia diferente, o Capella 2 consegue observar através de nuvens, fumaça de vulcões, neblina e outras condições atmosféricas diversas.
O satélite utiliza um sistema chamado "radar de abertura sintética" (SAR, na sigla em inglês) em vez da tradicional captação de luz ótica. A tecnologia funciona de maneira similar ao sistema de ecolocalização usado por golfinhos e morcegos para navegar no mar e no ar.
Para fazer as imagens, o Capella 2 lança um sinal potente de rádio de 9,65 GHz em direção ao seu alvo e, então, coleta e interpreta o sinal quando ele volta para a atmosfera. "Nessa frequência, as nuvens são muito transparentes. Você pode enxergar através de fumaça, névoa, umidade e neblina. Gerando o seu próprio sinal, é como se você apontasse uma lanterna para ali. Não importa se é dia ou noite", disse o executivo-chefe Paydam Banazadeh, ex-engenheiro da Nasa, ao site Futurism.
A potência do sinal é forte o suficiente para enxergar através de condições adversas e o resultado final parece similar ao raio-X do Superman. No entanto, a empresa diz que não há com o que se preocupar. A tecnologia de radar de abertura sintética não permite a observação através das paredes, como o super-herói faz nas histórias em quadrinhos.
"Para entender as fotos do SAR, você precisa entender que se trata de uma representação visual das ondas de rádio que foram emitidas e refletidas de volta. Cada objeto vai refletir de uma maneira diferente. Montanhas e arranha-céus vão aparecer sobrepostos, principalmente em áreas que há muitos deles", explica a empresa.
Trata-se de um efeito conhecido pelos cientistas como Efeito de Sobreposição. Nas fotos de Tokyo, feitas pelo Capella 2 na semana passada, prédios ficaram transparentes devido a essa distorção, dando a entender que seria possível enxergar através das paredes das construções. Isto acontece porque o radar interpreta os objetos pela distância que eles estão do radar, não pela distância que eles estão do chão. Visualmente, essa distorção cria uma "efeito fantasma" em áreas com grandes construções.
Apesar disso, o SAR resolve um dos principais problemas na observação da superfície da Terra. De acordo com a empresa, cerca de metade do planeta está no escuro e a outra metade está nublada o tempo todo. "Quando você combina essas coisas juntas, 75% da Terra está invisível para você", explicou Banazadeh. Além da tecnologia inovadora, a empresa Capella lançou uma plataforma que permite que consumidores interessados peçam em poucos cliques imagens de qualquer lugar do mundo. Potenciais compradores são agências governamentais de olho em milícias ou aeroportos, cientistas monitorando áreas de desmatamento e até mesmo investidores checando suprimentos globais.
Banazadeh ressalta que não inventou o radar de abertura sintética, mas que sua companhia fornece uma resolução de 50 cm quadrados por pixel —o que é dez vezes melhor do que oferece as outras empresas do mercado. A qualidade de imagem prometida é tão boa que seria possível olhar dentro dos quartos individuais de um prédio residencial.
Por enquanto, isso é o máximo que Capella pode fazer. Não por limitação técnica, já que a empresa prevê o lançamento de mais seis satélites adicionais em 2021, mas pelo que limita a lei americana. Sua alta resolução pode ser bastante preocupante do ponto de vista de privacidade, porém a empresa garante que as leis da física não permitem que sejamos vigiados dentro de nossas casas.
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