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Cadê Darth Vader? Galáxia mais distante e antiga do Universo é confirmada

A GN-z11 é a galáxia mais distante e também mais antiga que conhecemos - Nasa ESA
A GN-z11 é a galáxia mais distante e também mais antiga que conhecemos Imagem: Nasa ESA

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt

22/12/2020 10h49Atualizada em 22/12/2020 12h19

"Há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante...". Fãs de Star Wars devem se lembrar desta clássica frase da abertura dos filmes da série Guerra nas Estrelas. Agora, cientistas confirmam que lugar poderia ser este no mundo real.

A GN-z11 é a galáxia mais distante e também mais antiga que conhecemos. Ela surgiu quando o Universo tinha apenas 400 milhões de anos. Uma equipe de astrônomos usou o Observatório Keck, no topo do vulcão Mauna Kea, no Havaí, para confirmar a distância até a galáxia —que havia sido descoberta em 2016.

Ela fica tão longe que define a fronteira do Universo observável. O novo estudo foi publicado este mês na revista Nature Astronomy.

"Estudos anteriores indicavam que a GN-z11 parecia ser a mais distante galáxia detectável por nós, a 13,4 bilhões de anos-luz, ou 134 nonilhões de quilômetros [134 seguido de 30 zeros] da Terra", disse o professor Nobunari Kashikawa, da Universidade de Tókio, líder da pesquisa.

"Mas medir e verificar uma distância dessas não é uma tarefa fácil."

Para consegui medir isso, a equipe estudou dois fenômenos: o desvio para o vermelho (redshift) e as linhas de emissão do GN-z11.

O primeiro mostra o quanto de luz se estende ou muda em direção à extremidade infravermelha do espectro —em geral, quanto mais longe um objeto está, mais vermelha a sua luz.

O segundo são assinaturas químicas observáveis na luz. Você aplica padrões no brilho de objetos distantes e mede quão extensas essas assinaturas são. "Podemos deduzir quanto a luz percorreu, descobrindo assim a distância da galáxia desejada", explicou Kashikawa.

Mosfire - Observatório Keck - Observatório Keck
Espectrômetro Mosfire está instalado em um dos dois telescópios do Observatório Keck
Imagem: Observatório Keck

Eles contaram com a ajuda do moderno espectrômetro Mosfire, instalado num dos telescópios do Observatório Keck.

"O telescópio Hubble detectou a assinatura várias vezes no espectro da GN-z11. Porém, ele não consegue determinar as linhas de emissão ultravioleta no grau que nós precisávamos", completou o astrônomo.

O Mosfire consegue enxergar através de nuvens de poeira e até de buracos negros. Pelos cálculos, o redshift da galáxia mais distante do universo, representado pela letra z, é 10.957.

Descrita como "surpreendentemente brilhante", a EGS-z11 fica na direção da constelação da Ursa Maior. Mas está tão longe do nosso planeta que só agora estamos vendo a luz que ela emitia há 13,4 bilhões de anos.

Acredita-se que a galáxia se formou quando o Universo era extremamente jovem, logo após o Big Bang —que ocorreu há 13,8 bilhões de anos, um pouco mais "velho" que a EGS-z11. Observá-la é como voltar para as origens de tudo que conhecemos.

Qual o tamanho do Universo? Como e quando as galáxias se formaram? São algumas perguntas que a EGS-z11 pode nos ajudar a responder. Ela é 25 vezes menor do que a Via Láctea em tamanho e tem apenas 1% da massa da nossa galáxia em estrelas.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado, a distância da galáxia detectável por nós é de 13,4 bilhões de anos-luz. Anteriormente, o texto dizia 13,4 de anos-luz. O erro foi corrigido.