Imobiliárias usam visita 3D à casa como medida anticovid, mas funciona bem?
Assim como a videoconferência e a live musical, a visita a imóveis em modelos 3D é um recurso que ganhou mais fôlego na pandemia de covid-19. As empresas que prestam esse serviço dizem que sua clientela aumentou bastante no isolamento social. Já quem esteve atrás de uma casa maior (para ficar confinado com mais conforto?) pôde conhecer a futura morada dessa forma, sem correr o risco de pegar em maçanetas cheias de vírus.
A House Viewer 360°, produtora paulista que desenvolve versões tridimensionais de plantas de imóveis, diz que houve um crescimento de 47% no número de clientes imobiliárias de março a setembro do ano passado. Outro estúdio do ramo, o Imóvel Virtual 360, afirma ter subido a clientela de 50 empresas em 2017 para 2.000 atualmente.
As imobiliárias também gostam da solução, que reverteu em mais contratos. "Hoje, temos o dobro do volume de vendas de antes da pandemia. Por outro lado, o tráfego no site aumentou de forma consistente e vem aumentando até hoje", avalia Gustavo Vaz, eecutivo da imobiliária EmCasa. Só fazem a ressalva de que a modelagem em 3D ajuda na venda, mas não substitui completamente a visita física.
Ainda assim, é uma solução pouco conhecida se levarmos em conta o cenário geral. "Mesmo parecendo um número grande, acreditamos que nem 2% do mercado usa essa tecnologia ainda de forma efetiva", diz Jef Coelho, executivo-chefe da Imóvel Virtual 360. Em conversa com Tilt, quatro imobiliárias do Rio de Janeiro alegaram possuir o equipamento para a visita virtual, mas o recurso ainda não estava disponível nos sites e sem previsão para isso.
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Como funciona?
Se você já usa com alguma regularidade o Google Street View, não é algo muito diferente. Você acessa uma seção do site da imobiliária que adotou o serviço e depois é só mover o mouse do computador para girar pelo cômodo; setas e indicações clicáveis levam a mudar o ponto de vista para outro cômodo. Dependendo do site, dá para dar zoom em alguns detalhes e ver a planta aérea.
Caso o imóvel já tenha sido construído, um fotógrafo vai até o local com uma câmera portátil 360° e um tripé para fazer a captação das imagens. Com um software, termina de montar a casa toda em três dimensões. Se a casa só está na planta e ainda não está pronta, é possível modelá-la digitalmente. Para ver alguns exemplos, clique nos links abaixo:
Visita em 3D é bom para o cliente?
Vantagens
- Pode ocorrer a qualquer hora, sem a necessidade de agendar um horário, como na visita física, e dá para revisitar quantas vezes quiser;
- Se a pessoa se interessar por algum na visita 3D, pode agendar uma visita física, economizando tempo e dinheiro com deslocamentos;
- Dá para visitar virtualmente vários imóveis em um único dia e acompanhado de toda a família da casa.
Desvantagens
- Dependendo da interface, pode ser um obstáculo para quem não possui afinidade com tecnologia;
- Há o medo do imóvel na planta não ser entregue exatamente como foi visto no tour virtual.
Visita em 3D é bom para a empresa?
Vantagens
- Permite a redução de custos na saída de corretores, que deverão agendar menos visitas físicas;
- Amplia a visibilidade dos imóveis via internet;
Desvantagens
- A visita em 3D não tem uma relação direta com o aumento na venda ou locação de imóveis;
- Custo maior para produzir, com tomada de fotos por um especialista, produção e processamento da visita virtual, exigindo investimento de imobiliárias e construtoras;
O que os clientes dizem?
A administradora de empresas Rosana Tomaz usou o rolê online ao comprar um apartamento de 31 m² ainda na planta, no bairro da Bela Vista, em São Paulo. Para ela, a tecnologia foi importante por se tratar de um imóvel em obras.
"Nós [ela e seu marido] estávamos pesquisando um imóvel e acabamos encontrando um nesta região. Vi as informações e um vídeo de tour virtual, me interessei e fui até o local da construção. Quando fiz a compra, não existia mais o apartamento decorado, então eu só vi mesmo pela visita virtual", detalha.
O engenheiro Feliphe Lavol, que mora na Califórnia, fechou negócio para um imóvel de 120 m² em Copacabana mesmo sem ter visto o apartamento ao vivo. "Marquei uma visita por videochamada via Whatsapp. Visitei online uns dez apartamentos, depois selecionei alguns e pedi que o especialista [da startup Em Casa] fosse nos imóveis com os meus pais que são do Rio, e após muita conversa, fiz a compra", relata.
"Como foi bem no começo da pandemia, não podia visitar o apartamento decorado, daí o corretor me mostrou o tour virtual. Vi inteiro, a fachada e os cômodos", diz o gerente comercial Elivelton Moraes, que comprou na planta um imóvel de 40 m² na região metropolitana de Curitiba. "Eu consegui mostrar para meus familiares que moram no Norte, e todos apoiaram a decisão", conta.
Os clientes não demonstraram preocupações do imóvel adquirido na planta ser entregue em uma versão diferente daquela vista na internet.
"Foi tranquilo, pois já conhecia outros empreendimentos da construtora. Como técnica em edificações, também conheço bem plantas, projetos, acabamentos e espaços", apontou Tomaz. Para ela, o único receio é o cumprimento da data de entrega caso haja imprevistos; a previsão é para agosto de 2021. Já Moraes ressalta que no contrato tinha a planta com as medidas exatas vistas na visita em 3D, o que o deixou tranquilo.
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