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Novo telescópio da Nasa desvendará mistérios do universo após Big Bang

NASA/JPL-Caltech via The New York Times
Imagem: NASA/JPL-Caltech via The New York Times

Marcos Bonfim

Colaboração para Tilt

06/01/2021 13h38

Descobrir os segredos do universo é um sonho antigo da humanidade, e a Nasa parece mais próxima de oferecer respostas com o telescópio SPHEREx (Espectrofotômetro para a História do Universo, Época da Reionização e Explorador de Gelos, em tradução livre). Com investimentos de US$ 250 milhões, o projeto entrou em nova fase e está previsto para ser lançado entre junho de 2024 e abril de 2025.

A agência anunciou o projeto na terça-feira (5). O desenvolvimento do telescópio —que terá a missão de esclarecer a expansão do universo após o Big Bang— entrou na fase C. Isso significa que os planos preliminares de desenho para o observatório foram aprovados. Além disso, afirmou que os trabalhos de criação de um desenho final e detalhado, assim como a construção do hardware e software, podem começar.

Com o tamanho projetado de um carro compacto, o telescópio está sendo desenvolvido para responder a três questões essenciais.

A primeira é procurar evidências do que pode ter acontecido menos de um bilionésimo de um bilionésimo de segundo após o Big Bang, analisar a distribuição da matéria no cosmo após a explosão e mapear a posição de bilhões de galáxias no universo, criando padrões estatísticos que poderiam ajudar os cientistas a entender a física que impulsionou a expansão.

A segunda é a história da formação das galáxias, a partir do brilho tênue gerado por todas as galáxias do universo. Segundo a agência, o brilho, razão pela qual o céu noturno não é perfeitamente escuro, varia ao longo do espaço, já que as galáxias se aglomeram juntas.

Ao fazer mapas em muitas cores, os cientistas do SPHEREx podem chegar à descoberta sobre como a luz foi produzida ao longo do tempo e começar a entender como as primeiras galáxias inicialmente produziram estrelas.

E, por fim, os cientistas usarão o mapa SPHEREx para procurar água em forma de gelo e moléculas orgânicas congeladas, em torno de estrelas recém-formadas em nossa galáxia. Com isso, eles querem compreender com que frequência materiais indispensáveis para a vida, como a água, são incorporados aos jovens sistemas planetários.

Como vai funcionar?

O telescópio contará instrumentos que detectarão a luz quase infravermelha, ou que tenham comprimentos de ondas várias vezes maiores do que a luz visível ao olho humano. Com a missão prevista para durar dois anos, o dispositivo de observação vai mapear o céu inteiro quatro vezes, gerando um enorme banco de dados de estrelas, galáxias, nebulosas (nuvens de gás e poeira no espaço) e muitos outros corpos celestes.

Para fazer isso, o SPHEREx usará uma técnica chamada espectroscopia, que permite quebrar a luz quase infravermelha em seus comprimentos de ondas individuais —ou seja, em cores. Os dados podem revelar do que um determinado objeto é feito assim que seus elementos químicos individuais absorvem e irradiam comprimentos de onda específicos da luz.

As informações obtidas poderão ser usadas também para estimar a distância entre determinado objeto e a Terra, criando um mapa tridimensional. Segundo a Nasa, o SPHEREx será a sua primeira missão a construir um mapa espectroscópico completo em cores próximas ao infravermelho, observando um total de 102.

"Isso é como ir de imagens em preto e branco para cores; é como ir do Kansas para Oz", disse Allen Farrington, gerente de projetos do SPHEREx no Laboratório de Propulsão a Jato, no sul da Califórnia, nos Estados Unidos.

Como próximos passos, o time responsável pelo desenvolvimento do projeto levará os próximos 29 meses trabalhando na construção dos componentes da missão antes de entrar na próxima fase, quando esses instrumentos serão reunidos, testados e lançados.