Samsung segue Apple e vende Galaxy S21 sem carregador e fones na caixa
Sem tempo, irmão
- Samsung também aboliu carregador e fones na caixa do Galaxy S21, anunciado hoje
- Empresa chegou a tirar sarro da Apple quando iPhone 12 veio sem carregador na caixa
- Órgão de defesa do consumidor Procon já avisou que pode notificar Samsung no Brasil
A nova família de smartphones top de linha da Samsung estreou nesta quinta-feira (14): Galaxy S21, S21+ e S21 Ultra, feitos para competir com o iPhone 12. Até na falta de recursos. Assim como os últimos lançamentos da Apple, a linha Galaxy S21 virá sem carregador e fones de ouvido na caixa. Aqui no Brasil, a empresa diz que ainda pensa como vai ser a venda dos produtos.
Mas documentos anexados ao processo de homologação dos aparelhos junto à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) indicam que os celulares também serão vendidos sem carregador e fones no Brasil. O órgão de defesa do consumidor Procon-SP, que já notificou a Apple por vender iPhones sem carregador, diz que poderá fazer o mesmo com a Samsung.
Seguindo a mesma justificativa da Apple, a Samsung diz que a medida torna os produtos mais sustentáveis porque evita o desperdício de recursos do meio ambiente. De acordo com a empresa, muitos consumidores já reutilizam acessórios antigos.
Na época do lançamento do iPhone 12, diversas fabricantes tiraram sarro da Apple, como a Xiaomi e a própria Samsung. Em outubro, a página oficial da sul-coreana no Facebook para o Caribe postou a imagem de um carregador dizendo que "seu Galaxy oferece tudo o que você procura, desde as coisas mais básicas como um carregador". O post foi apagado horas depois.
Já a Xiaomi, após fazer piada, também mudou sua estratégia em relação aos acessórios. O Mi 11 é vendido na China com carregador opcional. Se o cliente quiser, pode levar o acessório de graça na embalagem.
Diferenças
Como outras fabricantes Android, a Samsung usa o padrão USB-C no carregador, um formato mais comum e compatível com aparelhos até de outras marcas. Os carregadores mais recentes da Apple também usam o formato USB-C, mas os mais antigos usam USB-A em uma das pontas. O problema é o cabo do carregador, que no caso da Apple se conecta ao celular pelo formato Lightning, exclusivo da maçã.
No site oficial da Samsung, um carregador simples de 15 W com conector USB-C custa R$ 89,10. Já o modelo mais caro e mais rápido, de 45 W, custa R$ 233,10. No varejo é possível encontrar adaptadores compatíveis e homologados pela Anatel custando a partir de R$ 29. Já os iPhones nem sempre se comunicam bem carregadores de outras marcas. O adaptador oficial da Apple custa R$ 199 no site da marca.
Outra diferença é que o Galaxy S21 chega ao mercado norte-americano com preço de lançamento menor que o do antecessor. O S21 base sai por US$ 799 (R$ 4.150 na conversão direta), enquanto o S20 saiu, no início de 2020, custando a partir de US$ 999 (R$ 5.190).
O iPhone 12, por sua vez, saiu pelo mesmo preço que o iPhone 11 (US$ 699, ou R$ 3.630 na conversão direta) mesmo sem o carregador —o que rendeu críticas do público. Mas não se sabe se o desconto no S21 tem a ver com o corte dos acessórios. Os preços no Brasil ainda não foram divulgados.
Procon de olho
A decisão de cortar carregadores da embalagem chamou a atenção dos órgãos de defesa do consumidor do mundo todo. No Brasil, a Apple recebeu uma notificação do Procon-SP, que disse que "os carregadores deverão ser disponibilizados para os consumidores que pedirem".
Até o momento, a Apple continua vendendo iPhones sem carregador na caixa no Brasil. "A conduta da Apple será analisada pela diretoria de fiscalização e, caso sejam constatadas infrações à lei, poderá ser multada conforme prevê o Código de Proteção e Defesa do Consumidor", declarou o Procon-SP em nota.
A Tilt, a assessoria de imprensa do Procon-SP afirmou que o órgão exigirá a oferta de carregadores na venda de qualquer smartphone, incluindo os da Samsung ou qualquer outra empresa, assim como fez com a Apple. "O tratamento será igual", disse, ao ser questionado sobre os planos da empresa sul-coreana.
A fabricante do iPhone ainda recebeu notificações da Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), ligada ao Ministério da Justiça, e do Procon de Santa Catarina, pelo mesmo motivo. Na França, o celular é vendido em duas caixas porque a empresa é obrigada por lei a incluir fones de ouvido com o aparelho, mas não o carregador.
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