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Crianças que usam telas sensíveis ao toque se distraem mais facilmente

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Imagem: iStock

Felipe Oliveira

Colaboração para Tilt

26/01/2021 16h11

Todo mundo fica impressionado quando uma criança que mal sabe falar vai com o dedinho na tela e começa a mexer com destreza em smartphones ou tablets. Pois uma pesquisa recente publicada no Scientific Reports aponta que crianças com muito uso diário de touchscreen são mais rápidas para olhar para objetos quando eles aparecem e menos capazes de resistir à distração quando comparadas com as que usam pouco o recurso.

A pesquisa foi realizada por especialistas da Universidade de Birkbeck e do King's College, de Londres, e da Universidade de Bath, também da Inglaterra. Segundo o professor Tim Smith, do Centro de Desenvolvimento Cerebral e Cognitivo de Birkbeck, o estudo é importante porque antes dele não havia evidências sobre o impacto do uso da tela sensível ao toque no desenvolvimento da atenção das crianças.

"O uso de smartphones e tablets por bebês e crianças tem se acelerado rapidamente nos últimos anos. Os primeiros anos de vida são essenciais para as crianças aprenderem a controlar sua atenção e ignorar a distração, habilidades iniciais que são conhecidas por serem importantes para o desempenho acadêmico posterior", afirmou.

Segundo os pesquisadores, essas descobertas são importantes para o debate sobre o tempo de tela no desenvolvimento das crianças. "Se replicado em estudos futuros em larga escala, esse achado pode ter implicações importantes para o desenvolvimento de conteúdo de mídia digital e políticas de tempo de tela baseadas em evidências", diz o estudo.

Como foi feito o estudo?

Para chegar aos resultados, a equipe utilizou 40 crianças que foram levadas ao Centro de Desenvolvimento Cerebral e Cognitivo de Birckbeck por três vezes ao longo de dois anos e meio. Na primeira vez elas eram bebês de 12 meses, depois voltaram ao local com 18 meses e, para finalizar, com 3 anos e meio de idade.

Durante as visitas as crianças participaram de tarefas no computador com um rastreador ocular que media a atenção. Quando objetos apareciam em diferentes locais da tela, o medidor registrava a rapidez com que os pequenos olhavam para eles e com que facilidade se distraiam.

"Descobrimos que bebês e crianças com alto uso de tela sensível ao toque eram mais rápidos para olhar para os objetos quando eles apareciam e eram menos capazes de ignorar objetos que os distraiam", afirmou o professor Smith.

Uma das responsáveis pela pesquisa, Rachel Bedfor, do Departamento de Psicologia da University of Bath, ressaltou que ainda é necessário saber se esse padrão de olhar para objetos que distraem na tela pode ser relacionado com a atenção no mundo real. "É um aspecto positivo sinal de que as crianças se adaptaram às demandas multitarefas de seu complexo ambiente cotidiano ou isso se relaciona a dificuldades durante tarefas que exigem concentração?", questionou ao site EurekAlert!.

Seguindo na mesma linha, a principal investigadora do projeto, Ana Maria Portugal, afirmou que ainda não é possível "concluir que a utilização do touchscreen causou as diferenças na atenção, uma vez que também pode ser que as crianças que se distraem mais sejam mais atraídas pelas características apelativas do dispositivos", afirmou.