Nanoscópio criado por brasileiros para estudar grafeno é capa da "Nature"
A edição desta quinta-feira (18) da renomada revista científica Nature traz na capa o estudo do professor Ado Jorio de Vasconcelos, do Departamento de Física da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). O trabalho do brasileiro foi apresentado como uma importante ferramenta para a comunidade científica descobrir potenciais usos do grafeno, um material extremamente leve, resistente e supercondutor que pode nos levar a uma nova era tecnológica.
Há anos os pesquisadores buscam encontrar algo com essas características, que atue em temperatura e pressão ambientes. Supercondutores permitem a passagem de uma corrente elétrica sem qualquer atrito, ou seja, sem perda de energia na forma de calor e levam a avanços técnicos como computadores quânticos mais acessíveis ou trens que levitam sobre os trilhos sem nenhum atrito, por exemplo.
O grafeno é uma das formas cristalinas do carbono (a exemplo do diamante e do grafite) e possui apenas um átomo de espessura. Em 2018, descobriu-se que, além de ótimo condutor de eletricidade, ele virava um supercondutor quando duas camadas do material são empilhadas e giradas num ângulo de cerca um grau entre elas.
O feito do professor Ado foi desenvolver um microscópio que permite à comunidade científica estudar melhor essa propriedade numa escala nano. O porquê dessa mudança drástica de comportamento quando girado ou torcido ainda não foi totalmente esclarecido.
"A técnica revelou a localização de alguns modos vibracionais e permitiu à equipe estudar como estes influenciam as propriedades eletrônicas", destaca a publicação.
Para se ter uma noção das possibilidades do nanoscópio: um microscópio é capaz de resolver imagens na escala de micrômetro, ou seja, um milhão de vezes menor que o metro. O nanoscópio da UFMG é capaz de resolver imagens na escala de nanômetro, medida um bilhão de vezes inferior ao metro —e isso já levou os brasileiros a enxergarem a estrutura atômica do grafeno.
"O que a publicação da Nature mostra é que, com o uso do nanoscópio, vamos ter diversas informações sobre essa estrutura de duas folhas de grafeno rodadas, que não conseguiríamos obter com nenhum outro equipamento", explicou a Tilt o pesquisador, que trabalha há cerca de 15 anos em conjunto com o professor Luiz Gustavo Cançado.
A ideia é comercializar, o quanto antes, os nanoscópios em escala industrial. De acordo com o professor, o primeiro protótipo para uso comercial será entregue em abril deste ano.
"A aplicação pode ser em quase toda indústria: de semicondutores, a cosméticos e química, entre outros. Sem contar que isso é um equipamento científico. Não geramos uma aplicação para agora, detemos uma tecnologia capaz de gerar uma infinidade de novas tecnologias", afirma.
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