Direto dos anos 90: por que robô da Nasa em Marte usa antigo chip do iMac?
Lembra o icônico iMac G3 da Apple? Aquele com carcaça transparente e tampa traseira colorida, que foi febre nos anos 90 e 2000? Pois o processador que ele utilizava é o mesmo que move o moderníssimo robô Perseverance, da Nasa, que chegou em Marte no dia 18 de fevereiro.
Lançado em 1998, o G3 vinha nas cores azul, verde, laranja, roxo ou vermelho. Foi o primeiro iMac, computador de mesa da Apple que integra CPU e tela na mesma peça. O seu processador PowerPC 750, da Motorola, era um chipset de núcleo único de 233 MHz, muito lento em comparação com os modernos chips de múltiplos núcleos e frequências de mais de 5 GHz. Até um smartphone é mais rápido que ele.
Parece estranho usar um processador de 23 anos em um robô sobre rodas com tecnologia de ponta, que custou mais de R$ 11 bilhões para ser construído. Mas o motivo, obviamente, não foi o preço, mas sim a confiabilidade e robustez do sistema.
O PowerPC 750 tinha ótimo desempenho e foi inovador, incorporando funções que ainda são usadas nos chips modernos, como a previsão dinâmica de ramificações — que adivinha o que fazer a seguir, melhorando a eficiência da CPU.
Claro que a versão usada no Perseverance teve alguns upgrades. Apelidado de RAD750, o processador recebeu proteção contra radiação e temperaturas, podendo suportar temperaturas de -55 a 125 graus Celsius. Isso também evita ruídos eletrônicos e picos de sinal.
Marte é um ambiente hostil. Sua atmosfera tênue, quase toda de dióxido de carbono, não é uma camada protetora eficiente como a da Terra. Sem a proteção adequada, o "cérebro" do Perseverance poderia até ser torrado por um flare (erupção) solar ou pela radiação do universo.
O RAD750 custou mais de R$1 milhão para ser fabricado pela BAE Systems. Diversos satélites e naves — como a Orion, da Nasa, que levará astronautas para a Lua durante as missões Artemis — já usam o mesmo chip. Não há nenhum registro de falhas até hoje.
O Perseverance, da missão Mars 2020, pousou em Marte há algumas semanas dentro da cratera Jezero. Com 40km de diâmetro e 500 m de profundidade, o local foi um lago há mais de três bilhões de anos. Se já existiu vida no planeta vermelho, mesmo que apenas atividade microbiana, lá estão as maiores chances de evidências.
O "robô-jipinho" deve realizar seus experimentos por, pelo menos, 687 dias terrestres (um ano marciano). Ele já está enviando à Terra imagens impressionantes, em qualidade nunca antes vista.
Para curtir o momento nostalgia, confira abaixo a propaganda usada na época para promover o iMac 3 G3:
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