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Cientistas querem enviar amostra de 6,7 milhões de espécies para a Lua

Segundo engenheiros aeroespaciais dos Estados Unidos, ideia seria armazenar amostrar de espécies em "poços" na Lua - Getty Images
Segundo engenheiros aeroespaciais dos Estados Unidos, ideia seria armazenar amostrar de espécies em "poços" na Lua Imagem: Getty Images

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/03/2021 18h11Atualizada em 12/03/2021 19h20

Cientistas americanos já começaram um plano para garantir a longevidade das espécies do Planeta Terra.

O projeto da Universidade do Arizona, definido como uma "política de segurança moderna", surgiu de uma proposta para a criação de um repositório de células reprodutivas - espermatozoides e óvulos - de 6,7 milhões de espécies terrestres, incluindo seres humanos. O que causou mais surpresa foi o lugar reservado para esse "banco": nada mais nada menos que a superfície da Lua.

A ideia foi criada pelo engenheiro aeroespacial e mecânico Jekan Thanga, parte do grupo de pesquisas da Universidade do Arizona. Em sua defesa da tese, na conferência anual do Instituto de Engenheiros Aeroespaciais Eletrônicos e Elétricos, realizada no último sábado, ele justificou que foi motivado pelo "ambiente naturalmente volátil" na Terra.

Sendo assim, segundo ele, criar o repositório dentro do nosso planeta deixaria a continuidade das espécies à mercê de desastres naturais, tornando um futuro banco na Lua a melhor opção.

As amostras das espécies terrestres seriam armazenadas em "poços" recém-descobertos na superfície lunar, onde cientistas acreditam que existia lava há bilhões de anos.

De acordo com a apresentação de Thanga, a "arca" iria preservar as espécies criogenicamente, em temperaturas abaixo de 150 graus celsius, para o caso de um desastre global.

"Nós poderemos preservá-las até que tenhamos avanços tecnológicos para então reintroduzir essas espécies - em outras palavras, podemos salvá-las para outro dia", detalhou.

Ainda segundo ele, os "poços" na Lua tem o tamanho perfeito para armazenamento celular. Com até 100 metros de profundidade, eles "ofereceriam um abrigo natural da superfície da Lua" que enfrenta "grandes variações de temperatura" e as ameaças causadas por meteoritos e radiação.

Projeto exigiria 250 foguetes

Apesar de ambicioso, o conceito de arca defendido pelo engenheiro já está sendo empregado em um projeto terrestre, o Silo Global de Sementes de Svalbard, no Polo Norte, onde cientistas noruegueses estão mantendo sementes de milhares de plantas em uma estrutura de pedra que, segundo eles, foi projetada para resistir a possíveis desastres.

O forte guarda mais de 992.000 amostras, cada uma com pelo menos 500 sementes.

Ao falar sobre sua ideia de levar a preservação à Lua, Thanga detalhou que seriam necessários 250 lançamentos de foguete para levar 50 amostras de cada uma das 6,7 milhões de espécies, calculado um valor seguro por suas pesquisas.

Em comparação, a construção na Estação Especial Internacional, na órbita da Terra - a uma distância bem menor - exigiu 40 lançamentos.

Diante dos números, o engenheiro insiste: "Não é nada tão loucamente grandioso. Nós ficamos um pouco surpresos com isso".