Chefe do WhatsApp acusa Apple de boicote e diz não ter medo do Signal
A Apple não está contente com o fato de os aplicativos de mensagem mantidos pelo Facebook —principalmente o WhatsApp— facilitarem a vida de quem tem um iPhone e querem mudar para um smartphone com sistema operacional Android. Pelo menos é o que deu a entender o chefe do WhatsApp, Will Cathcart, em entrevista dada ao OneZero.
Ao jornalista Alex Kantrowitz, Cathcart afirmou que isso "certamente" faz parte do interesse estratégico da Apple que pessoas "não usem algo como o WhatsApp", porque "eles não querem que as pessoas usem telefones Android". Afinal, o WhatsApp funciona nos dois sistemas —iOS e Android— enquanto o iMessage é exclusivo da Apple.
O clima de "guerra" que se instalou entre as duas gigantes de tecnologia não é bem novidade. O próprio cofundador e chefe do Facebook, Mark Zuckerberg, afirmou no começo do ano que a empresa vê "cada vez mais" a Apple como uma das suas grandes concorrentes.
A birra das duas empresas tem girado principalmente em torno de serviços de mensagem. O iMessage já vem de fábrica em iPhones, MacBooks e outros gadgets da Apple. Para o Facebook, isso reduz as chances de crescimento de outros aplicativos do gênero, como as do grupo Facebook —no caso, o WhatsApp e Messenger.
Essa briga faz mais sentido quando olhamos para a participação do Facebook nos serviços de mensagens dos EUA, já que no Brasil o WhatsApp ganha do iMessage em disparada. Com uma divisão de mercado na casa dos 60% segundo a Statcounter, os smartphones da Apple lideram nos EUA, o que faz com que muita gente use o iMessage para conversar.
Quando questionado por Kantrowitz se as duas empresas costumavam conversar sobre suas divergências, Will Cathcart afirmou que "somos tratados, eu acho, como qualquer outro desenvolvedor", passando a impressão que a relação é fria.
Aparentemente, a rivalidade entre Facebook e Apple vai se intensificar, tornando-se a disputa mais intensa entre os gigantes da tecnologia nos próximos anos.
Concorrência com Signal
O executivo também falou a respeito do crescimento do Signal, que se tornou uma alternativa após a atualização de janeiro do WhatsApp, que obriga o compartilhamento de dados com o Facebook.
Cathcart não deu nenhuma pista de que vê o Signal como uma ameaça única. "Há um monte de aplicativos com os quais nos preocupamos o tempo todo", afirmou.
Mensagens que somem
O chefe do WhatsApp também falou sobre as pessoas finalmente poderem enviar mensagens que desaparecem após sete dias no aplicativo. O Facebook já programa o Messenger e o Instagram para fazer as mensagens sumirem após o fechamento do chat.
"Estávamos muito entusiasmados com o desaparecimento das mensagens. Acho que há muito mais que podemos fazer lá... então estamos trabalhando nisso", afirmou.
Segundo o jornalista, a previsão é de que o Facebook tornará o desaparecimento de mensagens uma opção de privacidade central no Messenger, WhatsApp e Instagram este ano.
Sobre o encaminhamento de mensagens
Recentemente o Facebook resolveu limitar o número de vezes que você pode encaminhar uma mensagem por meio do WhatsApp, com o objetivo de diminuir a disseminação de fake news e desinformação.
Cathcart afirmou que essa ação do WhatsApp reduziu o encaminhamento de mensagens comuns em 25%, enquanto as mensagens "altamente encaminhadas", ou seja, aquelas com potencial para viralizar, caíram 70%.
Mas, ao que tudo indica, o Facebook não pretende eliminar o botão de compartilhamento. "Achamos que mensagens privadas são diferentes das mídias sociais (em um) grande fórum", disse ele.
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