Objeto luminoso que cruzou céu brasileiro é pedaço de foguete de 1992
Na noite de terça-feira (16), um estranho objeto luminoso foi visto cruzando os céus de algumas cidades brasileiras, surpreendendo moradores de Belém e de pelo menos outros quatro municípios do Pará. Astrônomos dizem que foi a reentrada de um lixo espacial, mais especificamente parte de um foguete lançado em 1992.
Ao notar o fenômeno, diversas pessoas começaram a compartilhar imagens impressionantes nas redes sociais. Ao que tudo indica, boa parte do objeto se desintegrou sobre a região metropolitana de Belém.
Há milhares de "lixos" orbitando nosso planeta, como satélites aposentados e restos de lançamentos de missões espaciais. Eventualmente eles entram na atmosfera terrestre —algo inofensivo, pois são completamente queimados neste processo.
Vídeos também foram registrados por câmeras de monitoramento atmosférico do Clima ao Vivo, uma em Belém (PA) e outra em Fortaleza (CE), a mais de 800 km de distância.
Pedaço de foguete
Analisando os vídeos da bola de fogo de ontem e os dados de monitoramento aeroespacial internacional, o objeto foi identificado como o NORAD 22032: o terceiro estágio de um foguete francês Ariane 44L, lançado a partir do Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa, em 9 de julho de 1992.
"Sua reentrada estava prevista para o último domingo, dia 14, de acordo com os cálculos de Joseph Remis, especialista em reentradas. O corpo do foguete já não era observado em órbita desde o dia 11", conta Marcelo Zurita, diretor técnico da Bramon (Brazilian Meteor Observation Network).
O terceiro estágio de um foguete é o responsável por inserir sua carga útil em órbita. No caso, era o satélite indiano INSAT-2A, geoestacionário de comunicação e meteorológico. O próprio satélite já virou lixo espacial, após uma falha de controle em 2002.
Depois de cumprida a missão, o corpo de um foguete executa operações de segurança, como o esvaziamento dos seus tanques de combustível, e permanece em órbita. Neste caso, ficou mais de 28 anos até "cair" de volta.
"Se este lixo se aproximar suficientemente da Terra para sofrer arrasto atmosférico, ele vai, aos poucos, perdendo altitude até reentrar na atmosfera, gerando uma bola de fogo como a que foi vista nesta terça", explica Zurita.
A Bramon mediu um trecho de 845 km sobre o norte e nordeste do país, em direção ao oceano Atlântico, que o objeto levou 118 segundos para percorrer, indicando uma velocidade de 7,16 km/s. Qualquer pequeno fragmento restante caiu no mar.
"A reentrada de lixo espacial é algo que cada vez mais veremos nesta nova era da exploração espacial. Abrimos uma próxima fronteira, com diversas missões à Lua e planetas vizinhos e megaconstelações de satélites", ressalta Marcelo De Cicco, astrônomo coordenador do projeto Exoss, outra iniciativa brasileira de monitoramento de meteoros.
Apesar de parecerem perigosas e assustarem muitas pessoas, as reentradas de lixo espacial não geram riscos. Apenas satélites grandes teriam partes suficientemente resistentes para sobreviver à reentrada e atingir o solo.
O evento de terça não teve qualquer ligação com a carga de 2 toneladas recentemente descartada pela Estação Espacial Internacional (ISS). Esse lixo ainda ficará orbitando o planeta por alguns anos ainda, e em uma trajetória definida, até ser queimado em nossa atmosfera.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.