Não é só digital: biometria passa até pelo coração; entenda a tecnologia
A biometria é atualmente uma das principais tecnologias para reconhecer e identificar pessoas. E com os telefones celulares, decolou de vez. Se antes era preciso digitar senhas para desbloquear o celular, usar o cartão de crédito ou sacar dinheiro no banco, agora você só precisa mostrar sua impressão digital ou seu rosto para fazer tudo isso.
Cada pessoa tem características físicas e comportamentais únicas, então o papel da biometria é saber distinguir cada pessoa a partir de uma comparação de dados, em nome da segurança. Se a impressão digital registrada no sistema conferir com a do seu dedo, então há a confirmação de que você é você mesmo, e não um falsário.
Mas nem todo mundo sabe que biometria vai além do rosto e dedos. Detalhes da íris dos olhos, geometria das mãos e até a forma como você tecla no computador ou assina seu nome podem ser reconhecimentos biométricos.
Biometria fisiológica
Impressão digital
É feita a partir das nossas impressões digitais, que permanecem inalteradas por toda a vida. É basicamente o desenho formado pelas elevações da pele na ponta dos nossos dedos. Esses desenhos são únicos para cada pessoa, por isso são diferentes até mesmo em gêmeos univitelinos.
Como é uma das formas de biometria mais populares e conhecida há mais tempo, é usada sobretudo para identificação a partir de banco de dados. Por exemplo, na hora de votar, o leitor biométrico confirma a identidade de cada pessoa pelas impressões digitais armazenadas em um servidor da Justiça Eleitoral e transferidas para as urnas eletrônicas.
Geometria das mãos
Utiliza as características geométricas da mão, como o comprimento dos dedos e a largura da mão, para identificar uma pessoa. Podemos ver seu uso principalmente em alguns bancos, onde é possível realizar algumas operações sem a necessidade de apresentar seu cartão, a partir da leitura de sua palma da mão.
Reconhecimento facial
O sistema analisa as características faciais da pessoa, como a distância entre os olhos, nariz, boca e bordas da mandíbula. Ele tem se popularizado em smartphones (em 3D, como o Face ID dos iPhones, ou em 2D, como na maioria dos aparelhos Android), para desbloquear a tela ou fazer transações financeiras, mas o uso é bem mais amplo.
O Departamento de Segurança Interna dos EUA espera usar essa tecnologia em 97% dos passageiros em seus aeroportos nos próximos anos. O processo de fotografá-los antes do embarque começou a ser usado em 2017 e já estava funcionando em 15 aeroportos do país no final de 2018.
No Brasil, os testes tiveram início no ano passado, no Aeroporto Internacional de Florianópolis. Além de ajudar no processo de identificação e diminuir filas, o sistema pode automatizar a busca por suspeitos de listas de terrorismo ou de fugitivos.
Leitura da íris e retina
Imagens em altíssima resolução comparam as informações dos olhos com as de um banco de dados. Mas os processos de análise da íris são diferentes dos da retina. Enquanto esta última verifica a formação dos vasos sanguíneos que irrigam o fundo do olho, a da íris verifica os anéis coloridos e diferentes pontos que existem em torno da pupila.
A leitura da íris é mais complexa, e por isso, considerada mais segura e usada em maior escala que a da retina. Alguns celulares, em especial modelos premium, trazem um scanner de íris embutido na câmera para oferecer mais segurança na identificação.
Biometria comportamental
Verificação da voz
O método para reconhecimento por voz analisa tanto parâmetros físicos —cordas vocais e laringe— como comportamentais —sotaques, padrões da fala, maneirismos e entonação. O resultado é um perfil sonoro único, a partir de códigos e gráficos para a validação e confirmação da identidade de uma pessoa.
Sistemas com infraestrutura telefônica (call centers) são o principal alvo do reconhecimento por voz, já que o recurso é no mínimo quatro vezes mais rápido do que uma confirmação tradicional, que solicita diversas informações do cliente para validar o registro.
Verificação de assinatura
As assinaturas têm sido, há muito tempo, amplamente aceitas como um meio de autenticação pessoal para várias finalidades, como autorização de cartões de crédito, transações bancárias, fechamento de acordos ou documentos legais. A assinatura manuscrita leva em consideração características únicas de traço, pressão e velocidade.
A diferença para o método analógico a que estávamos acostumados é que agora ela é coletada em um aparelho eletrônico, havendo no mercado soluções que fazem esse procedimento por meio de um tablet.
Padrão de digitação
Para formar o seu perfil único, empresas (como o Facebook) unem centenas de variáveis. Algumas delas são os seus padrões de uso no computador ou celular: a altura que você costuma segurar o celular, a forma com que você movimenta o mouse do computador, a velocidade com que você digita, a pressão que exerce no teclado ou na tela e até mesmo como você corrige as palavras.
Outros exemplos
Segundo o especialista em segurança da informação e professor da Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa) Rodolfo Avelino, a temperatura e o odor corporal, a emissão de ondas cerebrais e até mesmo a cadência dos batimentos cardíacos estão em estudo, por exemplo. "Essa linha dos batimentos cardíacos possui várias linhas de pesquisa", explica.
As Forças Especiais dos Estados Unidos já estão usando algumas destas tecnologias para identificação de suspeitos à distância. Outras técnicas biométricas de longo alcance incluem a análise da marcha, que identifica alguém pela maneira como ele caminha. Este método foi supostamente usado para identificar um terrorista do Estado Islâmico antes de um ataque de drone.
Segundo Avelino, a adoção dos métodos de biometria têm níveis de segurança elevados. Há algumas exceções, como alguns sensores de digitais que são menos sensíveis, ou menor eficácia do reconhecimento facial em etnias como negra e asiática e em ambientes não padronizados (com ruídos, no caso do reconhecimento de voz, ou sem iluminação adequada, no facial).
Ele aponta ainda os riscos de vazamento de dados das informações coletadas. "Diante dos inúmeros casos que temos presenciado, há sempre essa possibilidade", destaca o especialista. Segundo ele, uma boa saída é sempre combinar técnicas. "Além da biometria, vale optar por usar uma senha no uso do cartão de crédito", exemplifica.
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