Asteroide Apophis passou meio perto, mas nos deixará em paz por 100 anos
O 99942 Apophis era uma das rochas espaciais mais temidas pela humanidade. Do tamanho de três campos de futebol, ficou conhecido como "asteroide do juízo final", devido às chances de colidir brutalmente com a Terra. No último dia 5, ele passou perto da Terra, a uma distância de 17 milhões de quilômetros (ok, em termos astronômicos não é longe).
Essa aproximação ajudou a estudá-lo melhor, já que até então tínhamos imagens muito ruins dele. Nesta sexta-feira (26), tivemos uma notícia aliviante: os novos cálculos de órbita e trajetória feitos a partir de radiotelescópios espalhados pelo mundo todo descartaram um impacto com nosso planeta pelos próximos, pelo menos, cem anos.
O Apophis foi retirado das duas listas de risco de impacto, das agências espaciais norte-americana (Nasa) e europeia (Esa). Até então, estava no terceiro lugar entre as maiores ameaças de objetos próximos à Terra (do inglês Near Earth Objects, ou NEOs) e entrava na categoria "potencialmente perigosos".
Quem sabe em 2029...
Em abril de 2029, em uma sexta-feira 13, o Apophis chegará bem mais perto, a 32 mil km — mais ou menos um décimo da distância até a Lua, que é de 384 mil quilômetros. Ou seja, passará raspando, a uma velocidade de 30 km/s.
Mas não precisamos nos preocupar: a gravidade da Terra vai empurrá-lo levemente, segundo esta animação da Nasa:
A rocha atravessará até nosso cinturão de satélites geoestacionários de comunicação, que fica a 36 mil km de altitude. Isso é tão perto que o objeto poderá ser visto a olho nu —fenômeno muito raro para um asteroide, que acontece uma vez a cada mil anos. Será um bonito espetáculo, sem riscos de colisão... No máximo, algum satélite será atingido.
Asteroide poderoso
Nomeado em homenagem ao deus egípcio do caos e destruição, o Apophis é um "charuto" irregular, de rocha espacial com cerca de 370 metros de diâmetro, 450 metros de comprimento e 41 milhões de toneladas. Sua energia é equivalente a 60 mil bombas de Hiroshima.
Para efeitos comparativos, ele é mais largo que o Pão de Açúcar do Rio de Janeiro (390 m), a Torre Eiffel de Paris (324 m) e o Empire State de Nova Iorque (443 m).
Se atingisse a Terra, não causaria uma catástrofe global, mas devastaria uma enorme região, liberando o equivalente a 1.150 megatons de TNT.
Em 2004, quando vimos o Apophis pela primeira vez, as observações iniciais indicaram uma pequena probabilidade (até 2,7%) de ele atingir a Terra em 2029. Agora, os novos estudos de sua órbita refinaram os cálculos e eliminaram a chance de impacto tanto em 2029 quanto em 2036.
A preocupação que se seguiu foi dos possíveis desvios orbitais, a cada passagem do asteroide. A interação entre os campos de gravidades e os "buracos de fechadura" (pequenas áreas no campo de gravidade dos planetas que puxam objetos menores para perto) poderia colocá-lo em rota de colisão em 2068.
Mas isso tudo foi descartado pelo próximo século. Como todo asteroide recém-descoberto, leva anos até que os estudos sejam mais definitivos —neste caso, demorou 17 para finalmente respirarmos aliviados. Mas continuaremos de olho no Apophis.
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