Novo apagão de notícias? Facebook ameaça sair do Canadá contra remuneração
O chefe de políticas públicas do Facebook no Canadá, Kevin Chan, defendeu nesta semana as medidas tomadas na Austrália contra a remuneração forçada a sites de notícias e deu a entender que a tática pode ser adotada novamente. Em fevereiro, a empresa de Mark Zuckerberg tirou do ar todos os links de jornais australianos que eram postados no feed e só voltou atrás quando o governo local cedeu na arbitragem compulsória. Isso pode acontecer agora com a mídia canadense.
Em audiência no Comitê do Patrimônio da Câmara do Canadá, Chan disse que "infelizmente, a legislação proposta [na Austrália] não reconhecia fatos básicos sobre a internet, não reconhecia o valor que as plataformas fornecem aos editores de notícias e beneficiava apenas grandes conglomerados de mídia e não veículos de mídia independentes".
A parlamentar Julie Dabrusin perguntou se ele achava que cortar o acesso às notícias era uma estratégia de negociação apropriada com o governo, "incluindo notícias de saúde pública, durante uma pandemia". Em resposta, o executivo afirmou que "nunca seria algo que desejaríamos fazer", mas não descartou medidas semelhantes caso o Canadá adote lei que contrarie o interesse da empresa. A audiência completa pode ser vista em vídeo, em inglês.
O governo prepara uma nova legislação que forçaria as plataformas de tecnologia a pagar aos editores de notícias por seu conteúdo. O ministro do Patrimônio Liberal do Canadá, Steven Guilbeau, chegou a dizer que cortaria toda a publicidade que a pasta dirige para essas plataformas, em favor de empresas locais.
Por sua vez, o Facebook anunciou na semana passada US$ 8 milhões (R$ 45,2 milhões, na cotação atual) para propostas que ajudem a indústria de notícias —incluindo um programa que pagará oito repórteres na Canadian Press, agência nacional de notícias— e um trabalho para aumentar a audiência e acordos comerciais com editoras.
"Sou um pouco cínico quanto a isso. Você sabia que viria a este comitê na segunda-feira e, então, de repente, arrecadou mais US $ 8 milhões para apoiar sua bolsa de notícias", criticou o parlamentar Kevin Waugh, durante a audiência com Chan.
Novo acordo do Google
Já o Google, que começou criticando o projeto de lei australiano, agora trabalha rapidamente para chegar a acordos e nesta quarta-feira (31) assinou contrato de licenciamento com mais de 600 empresas jornalísticas.
A gigante das buscas diz que a procura por contratos está sendo grande e continua negociando com empresas para investir cerca de US$ 1 bilhão em notícias para o Destaque (News Showcase, em inglês) —a mídia é remunerada quando aparece nesta aba do app Google Notícias.
O Google deve seguir até 2023 com o esforço para investir em uma indústria que alega que os gigantes da tecnologia controlam mais da metade do mercado de propaganda digital.
Em entrevista a Tilt, Richard Gingras, vice-presidente de notícias de empresa, lembrou que essa curadoria de notícias já vale para Austrália, Brasil, Alemanha e França e deve se expandir para o mundo todo "o mais rápido possível".
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