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Ficou passado? Saiba como o ferro elétrico consegue deixar a sua roupa lisa

Rodrigo Lara

Colaboração para Tilt

01/04/2021 04h00

Quem não curte abrir o armário, escolher uma roupa e ver que ela está lisinha, sem amassados? Boa parte da "culpa" por essa sensação é de um utensílio bastante antigo, mas que se modernizou com o tempo: o ferro de passar roupas.

Se nos primórdios esse aparelho era bem rudimentar e consistia em um recipiente de base plana no qual você colocava carvão, hoje os ferros de passar roupa são elétricos e contam com diversas melhorias que facilitam, e muito, a tarefa.

O principal responsável pelo funcionamento dos ferros de passar elétricos é o Efeito Joule. Ele consiste na geração de calor em decorrência da passagem de corrente elétrica em um corpo resistivo —as populares "resistências".

É algo parecido com o que ocorre no chuveiro, como já explicamos aqui: quando a resistência do ferro de passar roupa recebe corrente elétrica, ela esquenta e transfere esse calor para a base do utensílio, que geralmente é feita de alumínio polido ou aço inox. Em modelos mais recentes, essa base também pode ser cerâmica.

Ao ser passado quente sobre a roupa, o ferro alinha as tramas do tecido, eliminando amassados e dando aquela aparência de roupa lisinha.

Nos modelos que usam vapor, aqueles que têm furinhos na parte de baixo —há ainda os que têm um segundo reservatório de água fria, que pode ser espirrada sobre o tecido— a resistência do ferro esquenta sua base e também o reservatório de água, gerando vapor. A utilização do vapor tem a finalidade de amolecer a trama do tecido.

Isso vale especialmente para tecidos naturais como o algodão. Eles são feitos predominantemente de celulose, que consiste em milhares de moléculas orgânicas (glicose) unidas para formar cadeias lineares.

Cada cadeia dessas pode se unir a outras vizinhas por meio de ligações de hidrogênio. Estas, por sua vez, estão sempre se rompendo e depois se refazendo rapidamente. Isso permite que as roupas sejam "moldadas".

A função do vapor dos furinhos é molhar o tecido para romper essas ligações de hidrogênio, além de atuar como lubrificante ao se interpor entre as cadeias, deixando o tecido mais mole para facilitar seu alisamento.

Quando o tecido seca totalmente, as ligações de hidrogênio se refazem e ele toma a forma em que estiver. Se for guardado corretamente após passado, ele permanecerá esticado até a hora de usar.

Até qual temperatura um ferro pode chegar?

Geralmente, próximo dos 200 ºC, ainda que a maioria do uso seja com temperaturas pouco acima dos 100 ºC. Tudo depende do tipo de tecido que será passado, e alguns deles podem sofrer danos com temperaturas mais altas.

Por falar em calor, o controle de temperatura depende do modelo. Nos mais atuais, há um sistema eletrônico que garante controle mais preciso. Nos antigos, o ferro tinha um sistema que, ao atingir determinada temperatura, fazia com que uma espécie de contato interno se abrisse e interrompesse o fluxo de eletricidade pela resistência.

Se o ferro já solta vapor, por que alguns deles têm um sistema manual de spray de água?

Esses sistemas têm a mesma função do vapor, mas devem ser usados em momentos distintos. A umidificação proporcionada pelo vapor é limitada e muitas vezes não basta para alisar partes mais grossas das roupas. É aí que entra o spray de água, já que ele permite molhar melhor partes como dobras e mangas e, com isso, garantir que essas partes fiquem lisas.

Fontes:
Fabio Raia, especialista em Engenharia Elétrica e professor do curso de Engenharia Mecânica da Universidade Presbiteriana Mackenzie
Renato Giacomini, coordenador do departamento de Engenharia Elétrica da FEI
Alessandro de Oliveira Santos, engenheiro eletrônico do Instituto Mauá de Tecnologia