Facebook e alemães criam IA para prever efeitos de misturas de remédios
O Facebook, em parceria com o centro de pesquisa alemão Helmholtz Zentrum München, anunciou nesta sexta-feira (16) o CPA (Compositional Perturbation Autoencoder), um algoritmo que deve ajudar a prever os efeitos da mistura de medicamentos no tratamento de diversas doenças. Segundo a empresa, ele é capaz de reduzir de anos para horas o tempo de análise que as combinações de drogas podem ter no corpo humano.
Hoje em dia, cientistas precisam testar cada combinação possível de remédios e analisar, no nível molecular, o que essas combinações causam nas células do paciente, um trabalho demorado que pode levar anos, dependendo de quantos medicamentos e qual doença se busca tratar.
O Facebook diz que o algoritmo consegue calcular em alta velocidade todas as possíveis reações que cada célula de um paciente pode ter ao ser tratada com essa combinação de remédios, incluindo informações de dosagens, tempo de tratamento e mais.
Mas o CPA não faz tudo sozinho. Os cientistas que usarem o algoritmo ainda precisam alimentá-lo com dados do sequenciamento de RNA das células a serem estudadas e com as informações dos medicamentos que se pretende analisar. A partir daí a IA (inteligência artificial) calcula o que pode acontecer com cada célula ao misturar os remédios.
Com base nessa informação, os cientistas podem decidir melhor como dar continuidade às suas pesquisas, descartando as combinações de drogas que fazem mal e estudando mais a fundo as combinações que fazem bem.
A nova inteligência artificial foi disponibilizada em domínio público, para que qualquer pesquisador do mundo possa usar, revisar e ajustar para seus próprios estudos. O artigo que descreve a tecnologia é assinado por pesquisadores do Facebook e da Alemanha e ainda será publicado em uma revista científica.
"Esse campo de pesquisa, envolvendo tipos de células, combinações de drogas, assim como as variantes de pacientes, é muito grande e nunca pode ser explorado completamente. Aprendizado de máquina é crucial aqui", diz Fabian Theis, diretor do Instituto de Biologia Computacional do Helmholtz.
A novidade segue a tendência do uso de inteligência artificial na descoberta de novos medicamentos —ou na aplicação de velhos remédios para tratar novas doenças, algo que vem crescendo na pandemia de covid-19.
Não é só o Facebook
Em 2020, a gigante IBM também lançou uma iniciativa parecida. Chamado de Caster, o algoritmo desenvolvido junto com a Escola de Saúde Pública de Harvard e o Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos EUA, analisa centenas de milhares de artigos já publicados sobre efeitos colaterais de remédios para prever se a combinação de algum deles pode trazer problemas.
A ferramenta, assim como o CPA do Facebook, ajuda em uma etapa da pesquisa, mas não é capaz de fazer tudo sozinha. Quem explica é Thomaz Luscher Dias, doutor em Bioquímica e Imunologia pela UFMG (Universidade Federal de Minas Ferais) e autor de um estudo que usou a IA da IBM para selecionar possíveis tratamentos para doenças neuropsiquiátricas.
Segundo Thomaz, se o CPA se mostrar comprovadamente "um método para agilizar essa etapa e achar com confiança as drogas que não fazem mal e que tem chance de fazer algum bem, já ganhamos muito tempo e dinheiro no processo todo". Mas ele também afirma que análises de medicamentos em células são apenas a primeira etapa de uma série de testes para lançar medicamentos novos no mercado.
Além das grandes empresas de tecnologia, universidades e centros de pesquisa públicos estão investindo em algoritmos que ajudem a acelerar o processo de encontrar novos tratamentos. Foi usando IA que o Cnpem (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais) encontrou, em meio a mais de 2.000 medicamentos, duas substâncias com potencial para uso no tratamento de covid-19, por exemplo. Tudo em questão de semanas.
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