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YouTube remove vídeo de Bolsonaro sobre tratamento ineficaz contra covid-19

A live semanal do presidente Jair Bolsonaro do dia 14 de janeiro deste ano foi removida pelo Youtube - Reprodução/Facebook/Jair Messias Bolsonaro
A live semanal do presidente Jair Bolsonaro do dia 14 de janeiro deste ano foi removida pelo Youtube Imagem: Reprodução/Facebook/Jair Messias Bolsonaro

De Tilt, em São Paulo*

20/04/2021 13h33Atualizada em 20/04/2021 20h24

O YouTube removeu, pela primeira vez, um vídeo do canal do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no qual o mandatário fala sobre o tratamento ineficaz contra a covid-19. A plataforma confirmou a informação para Tilt e explicou que "o vídeo foi removido por violar a política de informação incorreta sobre a covid-19 do YouTube, que foi atualizada na última semana".

O vídeo removido do canal de Bolsonaro no YouTube foi publicado no dia 14 de janeiro deste ano e fazia parte das lives semanais feitas pelo presidente nas redes sociais. Apesar da remoção no YouTube, o vídeo ainda está disponível no Facebook, rede também utilizada pelo mandatário para compartilhar informações do governo.

A live estava disponível neste link do YouTube, que agora mostra a seguinte mensagem: "Este vídeo foi removido por violar as diretrizes da comunidade do YouTube".

O YouTube removeu a live do dia 14 de janeiro deste ano feita no canal do presidente Jair Bolsonaro  - Reprodução/YouTube - Reprodução/YouTube
O YouTube removeu a live do dia 14 de janeiro deste ano feita no canal do presidente Jair Bolsonaro
Imagem: Reprodução/YouTube

Na live semanal, com 1h06 de duração, o presidente estava ao lado da intérprete de libras e do então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello. Na época, Manaus passava por um colapso na saúde com falta de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), crise no abastecimento de oxigênio e com recorde de mortes pela doença.

Ao longo do vídeo, Bolsonaro disse que o também questionou o protocolo do Ministério da Saúde feito pelo ex-ministro da Saúde e médico Henrique Mandetta sobre indicar o uso de hidroxicloroquina apenas para casos graves da doença. Para o mandatário, os medicamentos do "kit covid" não "fazem mal", contrariando a indicação de médicos e especialistas sobre os riscos do tratamento sem eficácia científica comprovada.

Quero repetir aqui a história. Guerra do Pacífico. Os soldados chegavam lá feridos, não tinha sangue, não tinha doador. Colocaram o que na veia do cara? Água de côco. E deu certo. Se fosse esperar uma comprovação científica teria morrido quantas pessoas na Guerra do Pacífico que não morreram? É a mesma coisa o tratamento precoce da covid-19 com hidroxicloroquina, ivermectina, a tal da Annita, mais azitromicina, mais vitamina D. E não faz mal isso aí. E, se lá para a frente for comprovado que não faz surtir efeito, o que não vai acontecer porque, repito, neste prédio que eu estou aqui, mais de duzentas pessoas contraíram covid, foram tratadas precocemente e nenhuma foi para o hospital.

Bolsonaro também criticou outras medidas indicadas por especialista para evitar a disseminação da doença como o isolamento social e o uso de máscaras.

"E alguns falam 'não tem comprovação científica', oh cara, mas não tem efeito colateral. (...) Tem dado certo, a hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina, Anitta, zinco, vitamina D. Procure o seu médico, se ele falar que está errado, procure outro médico. Mas se você vai tomar um vermífugo, como a ivermectina, que muita gente está dizendo que dá certo, por que você vai falar que não vai tomar porque não tem comprovação científica ainda? Mas a observacional existe e tem dado certo. A carga viral [nos doentes] tem diminuído", afirmou o presidente sem trazer nenhum estudo que baseie sua fala.

Posteriormente, a OMS (Organização Mundial de Saúde) vetou o uso de ivermectina no tratamento contra covid-19, e reafirmou que não há comprovação científica da eficácia da cloroquina.

Questionados por Tilt, o Palácio do Planalto informou que "não irá se manifestar" sobre o caso.

Posição da plataforma

Segundo um porta-voz do YouTube, a plataforma aumentou as políticas de desinformação sobre a covid-19, removendo vídeos que divulguem o uso de medicamentos sem comprovação científica para o tratamento ou prevenção da doença.

"Como parte de nosso trabalho contínuo para apoiar a saúde e o bem-estar da comunidade de usuários do YouTube, expandimos nossas políticas de desinformação médica sobre a COVID-19. A menos que haja contexto educacional, documental, científico ou artístico suficiente, a plataforma passará a remover vídeos que recomendam o uso de Ivermectina ou Hidroxicloroquina para o tratamento ou prevenção da COVID-19, fora dos ensaios clínicos, ou que afirmam que essas substâncias são eficazes e seguras no tratamento ou prevenção da doença. A atualização está alinhada às orientações atuais das autoridades de saúde globais sobre a eficácia dessas substâncias. Desde o início da pandemia, o YouTube já removeu mais de 850 mil vídeos por violarem as políticas
de conteúdo da plataforma sobre o coronavírus."

Além da hidroxicloroquina e da ivermectina, a plataforma lista que serão removidos os vídeos que contenham os seguintes conteúdos:

  • Tratamento
  • Prevenção
  • Diagnóstico
  • Transmissão
  • Diretrizes sobre distanciamento social e autoisolamento
  • A existência da covid-19

Segundo a Ansa, mesmo com a nova política da plataforma, pelo menos outros três vídeos compartilhados no canal do presidente ainda estão disponíveis na plataforma. São as lives de 9 de julho de 2020, 10 de dezembro de 2020 e 15 de abril de 2021.

*Com informações da Ansa