Explosão recorde é registrada em Proxima Centauri, estrela perto da Terra
A estrela que fica mais perto do sistema solar, Proxima Centauri, emitiu sua mais violenta explosão já registrada, cerca de cem vezes mais poderosa do que qualquer outra observada em nosso Sol.
Uma anã vermelha, com um oitavo da massa do Sol —uma anã amarela— Proxima Centauri fica a cerca de 4,2 anos luz (40 trilhões de quilômetros) da Terra, na Constelação do Centauro. Para comparação, o Sol fica a cerca de 150 milhões de km daqui.
Acreditava-se que um dos exoplanetas de Proxima Centauri poderia abrigar vida. Mas, com erupções devastadoras desta magnitude, as chances são mínimas. Foi a primeira vez que cientistas observaram o fenômeno com tanta riqueza de detalhes em um astro que não seja o Sol. A pesquisa, liderada por uma equipe da Universidade do Colorado em Boulder, nos Estados Unidos, foi publicada na revista The Astrophysical Journal Letters na última quarta-feira (21).
Astrônomos acreditam que um "flare" estelar acontece quando campos magnéticos próximos à superfície de uma estrela se retorcem e se quebram, liberando energia eletromagnética concentrada em determinado ponto.
A superexplosão em Proxima Centauri foi registrada por cientistas no dia 1º de maio de 2019, e durou apenas sete segundos. Nesse tempo, ela ficou 14 mil vezes mais brilhante, quando observada em comprimentos de onda ultravioleta —mas não produziu muita luz visível.
O momento foi captado por cinco de nove telescópios em diversos pontos da Terra e no espaço, incluindo o Hubble, o satélite TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite), o ASKAP (Australian Square Kilometer Array Pathfinder) e o Alma (Atacama Large Millimeter/Submillimeter Array).
Aos pés da Cordilheira dos Andes, no Chile, o Alma é um radiotelescópio de última geração, composto por 66 antenas, que estuda a radiação produzida pelos objetos e é essencial para nossos estudos sobre a origem do Universo.
Com as observações, cientistas também confirmaram que a estrela tem pelo menos dois planetas ao seu redor. Um deles, chamado Proxima Centauri b, fica em uma zona tecnicamente habitável, com temperaturas adequadas para manter água no estado líquido.
A maioria dos exoplanetas (planetas fora do Sistema Solar) estão em torno das abundantes anãs vermelhas. O problema é que, apesar de menores, elas são muito mais ativas que o nosso Sol, explodindo com maior intensidade e frequência. Todos os dias podem acontecer "flares" de maior ou menor intensidade.
Acredita-se que o evento registrado na Proxima Centauri tenha sido um dos mais violentos de toda nossa galáxia, a Via Láctea. Isso gera um ambiente inóspito a toda forma de vida que conhecemos. Essas explosões podem não apenas destruir organismos como danificar o planeta, acabando com sua atmosfera, por exemplo.
Por outro lado, a radiação pode desencadear reações que originam a vida, e já conhecemos microrganismos terrestres, como os tardígrados, que parecem imunes a ela.
"Se houvesse vida no planeta mais próximo de Proxima Centauri, ela teria que ser muito diferente de qualquer coisa na Terra. Um ser humano lá passaria por maus bocados", disse a astrofísica Meredith MacGregor, autora principal do estudo.
A energia de uma erupção estelar pode ser observada em todo o espectro eletromagnético, desde ondas de rádio até raios gama. Esta foi a primeira vez que o fenômeno foi registrado com cobertura completa de comprimento de onda em um astro que não fosse o nosso Sol, e também a primeira vez que radiação milimétrica foi observada em uma explosão estelar.
Ao observar uma erupção tão poderosa, e com tanta riqueza de detalhes, astrônomos e astrofísicos podem compreender melhor o mecanismo e os mistérios por trás dela. Isso também pode tornar mais eficiente nossa busca por vida além do Sistema Solar, ao revermos a habitabilidade da Via Láctea em ambientes extremos como o entorno de uma anã vermelha.
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