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Michael Collins, astronauta pioneiro da missão Apollo 11, morre aos 90 anos

Astronauta Michael Collins em foto da época da Apollo 11 - Divulgação/Nasa
Astronauta Michael Collins em foto da época da Apollo 11 Imagem: Divulgação/Nasa

De Tilt, em São Paulo *

28/04/2021 13h53Atualizada em 28/04/2021 18h27

O astronauta americano Michael Collins, membro da Apollo 11, a primeira missão tripulada ao solo da Lua, morreu de câncer nesta quarta-feira (28) aos 90 anos, informou sua família em um comunicado.

Piloto do módulo de comando, sua função foi permanecer em órbita enquanto seus companheiros Neil Armstrong e Buzz Aldrin se tornaram os primeiros homens a andar na Lua, em 20 de julho de 1969. A missão completa durou de 16 a 24 de julho daquele ano.

"Mike sempre enfrentou os desafios da vida com graça e humildade, e enfrentou este, seu desafio final, da mesma maneira", escreveu a família Collins em sua conta oficial no Twitter.

O administrador interino da Nasa, Steve Jurczyk, declarou em um comunicado:

Hoje, a nação perdeu um verdadeiro pioneiro e defensor da exploração do astronauta Michael Collins. Como piloto do módulo de comando sa Apollo 11 —alguns o chamavam de "o homem mais solitário da história"— enquanto seus colegas caminhavam na Lua pela primeira vez, ele ajudou nossa nação a alcançar um marco definidor. Ele também se destacou no Programa Gemini e como piloto da Força Aérea

Buzz Aldrin, último membro ainda vivo da Apollo 11, também prestou suas homenagens em mensagem pelo Twitter. "Meu caro Mike, onde quer que você tenha ido, você sempre terá a chama para nos transportar com habilidade a novos céus e ao futuro. Sentiremos sua falta. Descanse em paz", disse.

Nascido em 31 de outubro de 1930 em Roma, filho de pai diplomata, Collins se tornou piloto de testes do Exército dos Estados Unidos.

Na década de 1960, ele acumulou muitas horas de voo no espaço, especialmente durante as missões Gemini. Mesmo tendo sido o único membro da tripulação da Apollo 11 que não caminhou no satélite terrestre, ele disse não ter ressentimentos.

Como Aldrin e Armstrong, Collins rapidamente deixou a Nasa após o retorno triunfante à Terra e seguiu uma carreira pública prolífica.

Ele foi nomeado subsecretário de Estado para Assuntos Públicos pelo presidente Richard Nixon. Em seguida, dirigiu a construção do National Air and Space Museum em Washington, assumindo sua presidência entre 1971 e 1978. Posteriormente, tornou-se consultor e escreveu livros relacionados à aventura espacial.

Apesar de sua idade, Collins foi, nos últimos anos, o mais ativo dos veteranos da missão Apollo 11 e aquele que mais poeticamente evocou suas memórias da aventura lunar. "Quando partimos e a vimos, ah, que esfera incrível", contou ele em 2019 em Washington, por ocasião da comemoração do 50º aniversário do marco espacial.

"O Sol estava atrás dela, então ela estava iluminada com um círculo dourado que tornava suas crateras realmente estranhas, devido ao contraste entre o mais branco dos brancos e o mais preto dos pretos".

"Mas por mais esplêndida e impressionante que fosse, não foi nada comparado com o que víamos pela outra janela", continuou ele. "Ali estava aquela ervilha do tamanho de uma unha, uma coisinha tão linda envolta no veludo negro do resto do universo".

"Eu disse então ao centro de controle, 'Houston, eu vejo o mundo em minha janela'".

O lançamento da Apollo 11

Em julho de 1969, cerca de 1 milhão de pessoas foram até a ponta da Flórida para assistir ao lançamento do foguete da missão Apollo 11. Doze minutos mais tarde, a equipe formada por Collins, Neil Armstrong e Edwin "Buzz" Aldrin estava em órbita terrestre.

A primeira transmissão para a Terra foi feita no dia 17 de julho. Um dia depois, Armstrong e Aldrin foram até o módulo lunar Eagle, onde entrariam para chegar à superfície da Lua. A Apollo 11 entrou em órbita lunar no dia 19 de julho. No dia seguinte, um domingo, o Eagle aterrissou.

Neil Armstrong foi o primeiro a sair e o primeiro ser humano a pisar na superfície da lua, seguido de Buzz Aldrin. A estimativa é de que 530 milhões de pessoas tenham assistido às imagens.

Em uma caminhada que durou duas horas e 31 minutos, Aldrin e Armstrong percorreram cerca de 250 metros em solo lunar. Neste período, fizeram experimentos científicos, documentaram o terreno, recolheram material e ainda instalaram na Lua a bandeira dos EUA e medalhões com o nome dos três astronautas da Apollo 1 e dois cosmonautas soviéticos que perderam a vida durante a conquista do espaço. Foi deixado ainda um disco de silício com mensagens de paz de líderes de 73 países (incluído o Brasil).

No total, o módulo lunar ficou na superfície da Lua por 21 horas, 38 minutos e 28 segundos. Os astronautas voltaram ao Eagle para preparar o retorno ao módulo Columbia, onde os esperava Michael Collins. A viagem de volta à Terra foi tranquila. No dia 24 de julho, o módulo com os três astronautas estava no oceano Pacífico. Dali, Aldrin, Armstrong e Collins foram levados a um espaço de quarentena, para evitar qualquer contaminação que pudessem trazer para a Terra.

Em agosto de 1969, os três astronautas eram recebidos como heróis por uma multidão em Nova York. Dali, os três seguiram por uma turnê que passou por 24 países.

* Com agência AFP