Amazon cede à pressão por sindicato e aumenta salário de 500 mil nos EUA
Agora é oficial: a Amazon vai aumentar a remuneração de mais de 500 mil funcionários de logística (setor de entregas) nos Estados Unidos após uma série de reclamações de ativistas e do sindicato da categoria.
O anúncio acontece após uma série de críticas de sindicalistas e autoridades trabalhistas dos EUA à empresa, especialmente em relação às condições de trabalho dos funcionários durante a pandemia da covid-19, submetidos a cotas de produtividade em meio ao risco de contaminação pelo vírus.
"Mais de 500 mil pessoas verão um aumento que vai de 50 centavos até US$ 3 no seu pagamento por hora, o que significa um investimento de mais de US$ 1 bilhão em aumentos de salários para os funcionários", disse Darcie Henry, vice-presidente de experiência de pessoas e tecnologia da Amazon, em nota divulgada nesta semana.
O estopim da decisão para o aumento, no entanto, foi uma tentativa frustrada de sindicalização em um centro de distribuição da Amazon na cidade de Bessemer, no estado do Alabama. Com os aumentos, a empresa espera "esfriar" o movimento. No ano passado, ativistas do meio ambiente ligados à empresa foram demitidos após criticar publicamente a companhia.
Darcie afirma ainda que, recentemente, a companhia contratou "dezenas de milhares" de novos funcionários nos EUA.
Queda de braço trabalhista
No início de abril, dois terços dos 3 mil funcionários da unidade da Amazon em Bessemer, estado americano do Alabama, rejeitaram uma proposta de união ao RWDSU (Sindicato do Varejo, Atacado e Lojas de Departamentos dos EUA).
Logo depois, a organização acusou a Amazon de interferir no processo de votação dos trabalhadores por meio de pressão e assédio. Por exemplo, foi colocada uma urna de votação em frente a uma câmera de segurança da empresa, que teria criado uma "sensação de vigilância, em que a companhia parecia registrar a identidade dos trabalhadores que votaram", de acordo com o sindicato.
"Essa campanha provou que a melhor forma de proteção para os trabalhadores e suas famílias é se unir ao sindicato. Entretanto, o comportamento da Amazon durante a eleição não pode ser ignorado. Nosso sindicato vai buscar soluções para cada ação imprópria que a Amazon tomou", disse em comunicado oficial Stuart Appelbaum, presidente do sindicato após a derrota.
A organização fez 23 representações legais contra a Amazon junto à autoridade local do trabalho por conta desse processo eleitoral controverso.
Em resposta às críticas, um representante da Amazon afirmou à rede de TV americana CNBC que, em vez de aceitar a escolha dos funcionários, "o sindicato parece determinado a continuar deturpando os fatos para advogar em causa própria". Durante a campanha, a empresa defendeu que a união ao sindicato traria perdas de salários e de benefícios aos funcionários. A decisão final sobre o processo de votação agora está com a autoridade local do trabalho.
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