Justiça do RS sofre ataque hacker sem precedentes, segundo desembargador
O TJ-RS (Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul) sofreu um ataque hacker que deixou o órgão sem acesso aos sistemas por mais de 24 horas. A invasão teria ocorrido na madrugada de quarta-feira (28) e foi identificada na manhã do mesmo dia, quando os funcionários começaram a trabalhar. Sistemas de emails e o próprio site do tribunal ficaram sem operar ou com dificuldades de acesso.
"Já tivemos tentativas de ataques, mas nunca tivemos um nessa escala. É algo sem precedentes", disse o desembargador Antonio Vinicius Amaro da Silveira, do Conselho de Comunicação do TJ, em entrevista a Tilt.
A rede interna do tribunal acabou sendo infectada e os funcionários —a maior parte em home office— foram desaconselhados a usar computadores conectados a ela. Pelo site da corte, em que normalmente é possível registrar movimentações processuais e ainda ter conhecimento de decisões, a inclusão de novas informações no sistema ficou parada.
"Imagino uma pessoa que precisa de internação de urgência ou uma vítima de violência que precisa de uma medida protetiva em meio a essa situação [provocada pelo ataque]", destaca o desembargador.
Além disso, arquivos pessoais deixados nos computadores do TJ-RS acabaram sendo corrompidos. Técnicos trabalham "dia e noite" para retomar os sistemas e descobrir como ocorreu o ataque, segundo o órgão.
De acordo com desembargador, trata-se de ataque ransomware, tipo de vírus de computador programado para bloquear o acesso a arquivos e criptografá-los, pedindo um resgate em dinheiro troca da liberação —uma espécie de sequestro de dados.
É difícil saber como o vírus pode ter entrado nos sistemas do TJ-RS, mas a situação não é incomum. No ano passado, o STJ (Supremo Tribunal de Justiça) sofreu uma invasão que teria afetado o julgamento de mais de 12 mil processos. Além disso, pelo menos três cortes estaduais dos Estados Unidos sofreram ataques hackers em 2020, segundo levantamento da Associação Data Privacy de Pesquisa.
"O maior risco desses ataques é não ter acesso a documentos por falta de backup. Quando isso acontece, é um estrago monumental", explica Rafael Zanatta, diretor da entidade.
Trabalhando no improviso
Sem ter acesso ao sistema, foi preciso improvisar. Juízes criaram emails alternativos para repassar para delegados e promotores de justiça para evitar que decisões de urgência ficassem paradas. Muitos recorreram ainda ao WhatsApp e sistemas de email de entidades parceiras, como o Ministério Público e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
"O que tem de bom nisso tudo é o grau de comprometimento e improvisação dos servidores. Em nenhum momento eles deixaram de atender uma necessidade. As pessoas estão acima dos sistemas, o Estado está acima de tudo. Se sistema está instável, vamos buscar alternativas", complementou.
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