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Planeta achado pelo Hubble é grande como Júpiter, mas ainda está crescendo

Concepção artística do exoplaneta PDS 70b - Joseph Olmsted/NASA/ESA/STScI
Concepção artística do exoplaneta PDS 70b Imagem: Joseph Olmsted/NASA/ESA/STScI

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt

03/05/2021 17h19

O Telescópio Espacial Hubble encontrou o mais jovem exoplaneta (planeta fora do Sistema Solar) já visto até hoje. Um mundo gigante, 379 anos-luz distante da Terra, que ainda está crescendo.

Planetas se formam a partir de poeira, fragmentos e gases, que giram em volta de uma estrela (como nosso Sol), e vão colidindo e se condensando lentamente, até formar uma bola. O novo astro avistado, na constelação do Centauro, tem "apenas" 5 milhões de anos e ainda está nessa fase de expansão. Estima-se que a Terra tem mais de 4 bilhões de anos.

Designado PDS 70b, o jovem exoplaneta é um gigante gasoso, como Júpiter ou Saturno. Ele já é enorme, com cerca de 140 mil km de diâmetro (para efeitos comparativos, a Terra tem menos de 13 mil), e ainda está acumulando massa, puxando-a da jovem estrela que orbita.

Assistir aos estágios iniciais de um planeta é uma oportunidade única para os cientistas. Pesquisadores da Universidade do Texas em Austin utilizaram imagens ultravioleta do Hubble, que permitem detectar radiação do gás expelido neste processo, para medir a taxa de crescimento do PDS 70b.

Disco ao redor da estrela está "alimentando" o exoplaneta PDS 70b - ESO - ESO
Disco ao redor da estrela está "alimentando" o exoplaneta PDS 70b
Imagem: ESO

"O sistema 70b é muito empolgante, porque conseguimos testemunhar a formação de um planeta. É o mais jovem que o Hubble já observou diretamente", disse o coautor do estudo Yifan Zhou. "Com as imagens, pudemos estimar quão rápido ele está ganhando massa."

É a primeira vez que esse tipo de medição foi feita. De acordo com as observações, estima-se que o exoplaneta esteja no final de seu processo formativo.

Os cientistas detectaram uma série de "hot spots" (pontos mais quentes), brilhando em energia ultravioleta. Eles seriam causados por material que vem do disco circunstelar (reservatório de matéria orbitando ao redor de uma estrela) de seu sol, passa pela atmosfera e chega à superfície do planeta.

Fluindo como colunas, "essas áreas seriam pelo menos dez vezes mais quentes que a temperatura do planeta", acredita Zhou.

O Hubble já avistou cerca de 4.000 exoplanetas até hoje. Mas apenas 15 foram diretamente observados - e a maioria deles aparece apenas como um pontinho, por estarem muito longe e serem muito pequenos.

"Não sabemos muito sobre como planetas gigantes crescem. Este sistema planetário nos dá a primeira oportunidade de presenciar material caindo em um planeta. Nossos resultados abrem uma nova área de pesquisa", disse o autor Brendan Bowler.

Para estudar o PDS 70b, a equipe utilizou uma técnica inovadora para remover das imagens a luz do sol do sistema. "É um caminho para novas pesquisas sobre exoplanetas, especialmente durante os anos de sua formação."

O brilho estelar é um desafio para os cientistas que estudam objetos tão distantes e que estão próximos de suas estrelas hospedeiras. Ao remover o clarão, a equipe pode ter uma visão melhor do planeta.

As observações do telescópio espacial, porém, não oferecem um panorama completo do PDS 70b; ainda há dados adicionais a serem coletados para confirmar a taxa de aumento de massa. Explorar o exoplaneta mais a fundo pode nos ajudar a compreender melhor a formação dos gigantes gasosos.

"Trinta e um anos após seu lançamento, ainda estamos encontrando novas maneiras de usar o Hubble. Com observações futuras, podemos descobrir quando a maioria do gás e poeira cai sobre os planetas, e se isso ocorre a uma taxa constante", completou Bowler.