Conheça Zhurong, o robô chinês que fará companhia ao Perseverance em Marte
A China já tem um nome para o robô que pousará em Marte e fará companhia ao Perseverance, da Nasa: Zhurong, nome do deus do fogo da antiga mitologia chinesa. O robôzinho faz parte da missão Tianwen-1, que está orbitando o planeta vermelho desde fevereiro.
O rover está guardado dentro da nave principal, enquanto é escolhido o melhor local e momento para a tentativa de pouso, prevista para acontecer em meados de maio ou início de junho. O nome e mais detalhes da missão foram anunciados recentemente, em um evento da CNSA, a agência espacial do país.
O nome Zhurong foi escolhido por meio de uma votação pela internet, que recebeu mais de 1,4 milhão de sugestões, de 38 países e territórios. E vem a calhar: em mandarim, a palavra para se referir a Marte é Huoxing, literalmente "estrela de fogo". De acordo com a CNSA, o nome representa "acender a chama da exploração planetária chinesa".
O local mais cotado para pouso na superfície marciana é Utopia Planitia, a maior cratera de impacto do Sistema Solar, com diâmetro aproximado de 3.300 quilômetros, causada por algum enorme asteroide. Foi lá que a sonda Viking 2, da Nasa, pousou em 1976. A outra opção é a Chryse Planitia, que recebeu as missões Viking 1, em 1976, e Pathfinder, em 1997.
Por isso, os colegas Zhurong e Perseverance nunca irão se encontrar. O rover da Nasa está explorando outra região: a cratera Jezero, de 40 quilômetros de diâmetro e 500 metros de profundidade, que há bilhões de anos foi um lago. O Curiosity também está ativo por lá, desde 2012, na Cratera Gale.
Se a missão chinesa for bem-sucedida, serão três rovers em operação ao mesmo tempo no planeta vermelho, e a China será o terceiro país, depois da ex-União Soviética e dos Estados Unidos, a colocar um robô em Marte. Veja uma simulação de como deve ser o pouso:
Perguntas celestiais
A Tianwen-1, nome que significa algo como "perguntas celestiais", é a primeira missão interplanetária totalmente chinesa. Ela foi lançada em julho de 2020 e deve retornar à Terra até 2030.
A nave de cinco toneladas é composta por um orbitador, que fica girando em torno do planeta, captando imagens de alta definição e realizando medições; o rover Zhurong, um pequeno robô sobre rodas para análises de solo; e um módulo para aterrissagem.
O pouso autônomo é um dos maiores desafios —cerca de 50% das missões a Marte falharam neste momento. Por isso, o módulo usa um moderno sistema de paraquedas supersônicos e retropropulsores. Essas tecnologias já foram testadas nas missões chinesas Chang'e-3 e Chang'e-4 para a Lua, em 2013 e 2019.
Do tamanho de um carrinho de golfe, o rover tem aproximadamente 250 quilos e foi projetado para atuar 90 dias no planeta — podendo durar mais —, movido a energia solar. Ele carrega seis instrumentos, incluindo um sistema de espectroscopia a laser (para detectar elementos de superfície, minerais e tipos de rochas), leitores de imagens topográficas e multiespectrais, de campo magnético e de clima, e câmeras panorâmica e multiespectral.
Ele também é equipado com um radar para penetração no solo —algo que nunca foi colocado em Marte. A missão tem o potencial de trazer novas informações sobre o planeta, como detectar camadas geológicas, depósitos de sal, evidências de gelo e de um suposto lago subterrâneo, além de encontrar marcianos de verdade (isto é, alguma possível atividade biológica microbiana).
Nova corrida espacial
Além da Tianwen-1, outras duas missões chegaram a Marte neste ano: a primeira foi a Hope Mars, dos Emirados Árabes Unidos, que não irá pousar no planeta, e a última foi a Mars 2020, dos Estados Unidos, levando o rover Perseverance e o helicóptero Ingenuity.
O programa espacial chinês tem se desenvolvido a passos largos e com poucas falhas, rivalizando com o da Nasa. O país acaba de lançar o módulo principal de sua própria estação espacial na órbita terrestre.
Também enviou diversos satélites e missões não tripuladas, principalmente de exploração lunar, como a Chang'e-5, que coletou amostras do lado oculto da Lua e as trouxe para a Terra — algo assim havia acontecido pela última vez nos anos 70, durante as missões Apollo.
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