Braço robótico operando! Perseverance pulveriza rochas com laser; assista
O rover Perseverance é um cientista e um laboratório sobre rodas na superfície de Marte. Sua principal missão é procurar por evidências de vida alienígena. E, finalmente, ele começou a fazer isso ativamente. Equipado com modernos instrumentos e um braço robótico, ele está quebrando e estudando rochas.
Um GIF divulgado ontem pela Nasa mostra em detalhes o solo marciano. O Perseverance atingiu uma pedra com seu raio laser, para pulverizá-la, e usou uma câmera na ponta do braço para registrar tudo. Foi um teste do foco e alcance dos equipamentos. Veja que impressionante riqueza de texturas:
As imagens foram registradas pela câmera grande angular Watson (Wide Angle Topographic Sensor for Operations and eNgineering), do instrumento Sherloc (Scanning Habitable Environments with Raman & Luminescence for Organics & Chemicals). Sim, os nomes são referências às histórias do autor britânico Arthur Conan Doyle.
Como um detetive interplanetário, Sherloc usa câmeras, espectrômetros e um feixe laser para procurar por compostos orgânicos e minerais que possam ter sido parte de ambientes com água e guardar vestígios de vida microbiana passada.
Na mão do robô, também há uma broca especialmente desenvolvida para a missão, capaz de extrair núcleos de rochas intactos - e não pulverizados, como seria o normal nesse tipo de missão.
"Quando você olha dentro de uma rocha, é onde você vê a história", disse Ken Farley, cientista do projeto Perseverance, em um comunicado da Nasa. "Quanto mais pedras você olha, mais você sabe."
O rover de US$ 2,4 bilhões é equipado com outras tecnologias de ponta: a SuperCam e as Mastcam-Z. A primeira, do tamanho de uma caixa de sapatos, abriga câmeras, microfones, lasers e sensores para detecções químicas. Parece a cabeça do Perseverance, com um grande olho.
O Mastcam-Z é um sistema gerador de imagens, que tem registrado fotos de alta definição da superfície do planeta, com detalhes nunca antes vistos, e que documentou os voos do mini helicóptero Ingenuity - até em 3D. São 23 câmeras no total.
Cientista sobre rodas
Em fevereiro, o Perseverance pousou na cratera Jezero, de 40 km de diâmetro e 500 m de profundidade, que há bilhões de anos foi um lago. Se já existiu vida em Marte, mesmo que apenas atividade microbiana, este é o local com mais chances de guardar evidências - e ele é equipado para detectá-las diretamente, além de coletar amostras que serão enviadas à Terra.
Até agora, porém, o robô-jipinho estava atuando mais como um fotógrafo do que como um cientista. Ele enviou imagens e sons do planeta em alta definição, e também apoiou os cinco primeiros voos do Ingenuity - que agora seguirá com mais autonomia.
Um dos objetivos da missão é estabelecer uma linha do tempo do antigo lago. Entender quando ele se formou, quando e por que secou, e quando e como os sedimentos começaram a se acumular no terreno. Análises geológicas se já houve vida alienígena por lá.
O rover fará algo inédito em Marte: colocará pelo menos 40 amostras, de diferentes locais da cratera Jezero, dentro de tubos, em um complexo sistema de armazenamento. Esses tubos serão deixados na superfície do planeta, para serem retirados por missões futuras. Este deve ser o maior desafio da Nasa nos próximos anos - as rochas devem chegar aqui só depois de 2030.
O Perseverance abriga sete tecnologias de ponta, ou totalmente inovadoras. Muito mais avançados que os rovers anteriores, que buscaram água ou exploraram a química da atmosfera e do solo, ele é equipado para realizar experimentos in loco e encontrar vida - seja atual ou fossilizada.
Mesmo assim, trazer as amostras para a Terra é essencial para avançar nas pesquisas de vida interplanetária e formação do Sistema Solar. Nos laboratórios daqui, é possível fazer análises mais detalhadas, que podem expandir os limites da exploração espacial das próximas décadas.
O Perseverance deve realizar seus experimentos em Marte por, ao menos, 687 dias terrestres (um ano marciano). Ele é movido por um reator com núcleo de plutônio, capaz de produzir energia elétrica por até 14 anos.
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