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Modelo matemático estima quando terminará a vacinação contra a Covid-19

Plataforma desenvolvida com apoio do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria da USP, Instituto Serrapilheira e MCTI pode ser acessada gratuitamente na internet - Rodrigo Nunes/Ministério da Saúde
Plataforma desenvolvida com apoio do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria da USP, Instituto Serrapilheira e MCTI pode ser acessada gratuitamente na internet Imagem: Rodrigo Nunes/Ministério da Saúde

Agência FAPESP*

24/05/2021 12h41

Um estudo desenvolvido por pesquisadores de universidades brasileiras criou um modelo matemático que fornece previsões de quando a vacinação contra a COVID-19 será concluída em cada município brasileiro.

O sistema utiliza os dados disponibilizados pelo Governo Federal para obter o ritmo da vacinação em cada cidade e, com isso, projetar quando toda a população já terá recebido todas as doses necessárias do imunizante.

Nos cálculos, é considerado o ritmo de vacinação dos últimos 30 dias para projetar quando a vacinação será finalizada no Brasil. A previsão é atualizada de acordo com a chegada de novas vacinas, o aumento ou a diminuição do ritmo de vacinação e outros critérios que impactam na aplicação do imunizante.

O Painel de Vacinação da COVID-19 pode ser acessado em http://cemeai.icmc.usp.br/painel-vacinacao. Dentro da plataforma, o usuário só precisa selecionar o Estado e a cidade desejados e verá, além da projeção para o fim da vacinação, detalhes sobre doses aplicadas por dia, doses aplicadas com atraso, demanda diária por vacinas, vacinação precoce, abandono da vacinação e muito mais. Também é possível optar por ver os dados totais do Brasil.

Os pesquisadores trabalharam para remover inconsistências nos dados oficiais. "Na base fornecida pelo governo existem milhões de dados com problemas. Há dados de vacinados que teriam nascido no século 19, recebido a segunda dose em uma data anterior à primeira, recebido mais de uma dose no mesmo dia, recebido apenas a segunda dose, recebido vacinas diferentes e recebido a vacina antes de 2021", explica o professor Krerley Oliveira, coordenador do Laboratório de Estatística e Ciência dos Dados da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). "Nós fazemos a limpeza desses dados, de modo que as informações sejam mais próximas da realidade", resume o pesquisador.

O Governo Federal disponibiliza os dados separados por Estado. O estudo se debruçou sobre todos eles e, a partir do arquivo relativo a cada unidade da Federação, indicou as inconsistências existentes em cada um. Os detalhes dessas anomalias também estão publicados na plataforma.

Com os dados mais limpos e apresentados de forma didática, o pesquisador acredita que Estados e municípios podem utilizá-los para combater a pandemia de forma mais adequada. "Os dados disponibilizados na plataforma podem subsidiar a tomada de decisão em políticas públicas. Imagine que o governo de uma determinada cidade perceba que muitas pessoas não tomaram a segunda dose, por exemplo. Com essa informação em mãos, é possível realizar campanhas de conscientização. A ferramenta pode ser importante também para moradores de cidades pequenas, por exemplo, que não têm muitas informações sobre a vacinação", complementa.

O projeto faz parte do grupo ModCovid19, formado por pesquisadores de todo o Brasil que desenvolvem diversas pesquisas a respeito da pandemia. "Nós começamos os trabalhos com o Instituto Serrapilheira e quem deu a estrutura foi o CeMEAI [Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria]. Atualmente, esse é um projeto do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações [MCTI], explica Tiago Pereira, professor da Universidade de São Paulo (USP) e um dos coordenadores do grupo. A plataforma foi desenvolvida pelo Laboratório de Estatística e Ciência dos Dados da UFAL.

O CeMEAI é um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) apoiado pela FAPESP e sediado no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC-USP).

* Com informações da Assessoria de Comunicação do CeMEAI.

Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.