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Maconha não será mais um problema para funcionários da Amazon; entenda

Logotipo da Amazon no segundo centro de distribuição da empresa em Cajamar (SP) - Divulgação
Logotipo da Amazon no segundo centro de distribuição da empresa em Cajamar (SP) Imagem: Divulgação

De Tilt, em São Paulo

02/06/2021 14h19

Se você se candidatasse a um emprego na Amazon nos EUA e um teste de drogas detectasse a presença de maconha, você seria desclassificado. Pelo menos, até ontem. A companhia anunciou que vai deixar de considerar a substância em avaliações médicas de funcionários ou candidatos em uma nova política interna.

"Não vamos mais incluir maconha em nosso programa de monitoramento de drogas para quaisquer posições que não sejam reguladas pelo Departamento de Transporte; em vez disso, vamos passar a tratar estes casos como tratamos o uso de álcool", informou Dave Clark, vice-presidente de operações globais da Amazon, em um post no blog da empresa.

Na prática, testes continuarão a ser feitos, mas a presença de maconha não será considerada um problema. As regras não se aplicam para profissões reguladas pelo Departamento de Transporte dos EUA, pois o órgão exige este tipo de testagem para motoristas profissionais.

A companhia realiza exames de detecção de drogas em candidatos e em funcionários. Neste último caso, a ideia, diz a Amazon, é avaliar os padrões de desempenho estabelecidos pela companhia, e se algo pode ser feito para ser melhorado — como, por exemplo, se há algum problema em um sistema ou se existe alguma questão de ordem pessoal com os trabalhadores.

A Amazon também anunciou uma mudança numa política que afeta especificamente trabalhadores de armazéns da empresa chamada de "Time Off Task" (algo como "folga da tarefa", em tradução livre).

Para verificar o nível de produtividade, a empresa monitora, por exemplo, o número de pacotes analisados, empacotados e transportados em seus armazéns. Se houver um tempo muito longo de interrupção do serviço por parte de um funcionário, é gerado um alerta no sistema da companhia, o que pode gerar a demissão do trabalhador.

A medida é criticada por sindicatos, pois consideravam que isso deteriora as condições de trabalho, contribuindo para um aumento de taxa de acidentes, além de ser uma ferramenta para vigiar os trabalhadores.

Em post no site da empresa, Clark diz que o sistema dará um intervalo maior de tolerância para os funcionários para que a política seja usada "da forma com foi planejada". O executivo não citou especificamente de quanto será o tempo adicional.

Apoio à descriminalização da maconha nos EUA

O anúncio dessas mudanças interna da Amazon sobre testagem vem junto com o apoio da companhia pela descriminalização da maconha em nível federal nos Estados Unidos.

"Como este é um problema maior que a Amazon, nossa equipe de políticas públicas passará a apoiar ativamente uma legislação para legalizar a maconha em nível federal, removendo registros criminais e investindo em comunidades afetadas", informa Clark no blog.

Depois do Walmart, a Amazon é a segunda grande empresa do país a apoiar a causa publicamente nos Estados Unidos, o que pode ter o poder de incentivar que outras companhias deixem de realizar tais testes e eventualmente apoiem a descriminalização da maconha.

Nos Estados Unidos, alguns estados já legalizaram a maconha, mas ainda não há uma lei federal.

Não há relatos de que a empresa tenha um posicionamento parecido em outros países em que atua, como o Brasil, em que a maconha continua a ser uma substância restrita. Nos últimos anos, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) tem liberado pontualmente o uso de produtos derivados de Cannabis para tratamentos médicos.