Quais são os lugares com mais chance de encontrarmos vida fora da Terra?
Sem tempo, irmão
- A lua Europa é principais apostas para encontrar vida fora da Terra
- O satélite de Júpiter tem uma crosta de gelo com um oceano líquido embaixo
- Além dela, água líquida já foi achada em Marte e em outra lua de Júpiter
- Existem evidências de que uma das luas de Saturno também tenha o líquido
Um satélite de Júpiter é uma das principais apostas para encontrarmos vida fora da Terra. Europa, uma das quatro luas galileanas do planeta, é coberta por uma crosta de gelo com um oceano líquido por baixo. Especula-se ainda que seu interior sofra aquecimento geotérmico —o que elevaria as chances de existirem algumas formas de vida por ali.
"Ao lado de Ganimedes, outro satélite de Júpiter, Europa é um dos lugares mais promissores para procurarmos vida fora da Terra", comenta Gustavo Porto de Mello, do Observatório do Valongo (RJ) e um dos colaboradores do livro "Astrobiologia - Uma Ciência Emergente", do Laboratório de Astrobiologia da USP.
A busca por vida em outros planetas da Via Láctea, no entanto, tem uma importante limitação. Como não há uma definição do que é vida em seus princípios fundamentais, a ciência a entende da seguinte forma: um sistema químico, autossustentado, que permanece no tempo e é capaz de se autorreproduzir em cópias fieis (como as bactérias fazem, por exemplo).
Ou seja, um organismo que consiga se manter vivo, sem mudar sua estrutura e que se diferencie do ambiente.
Dentro desse modelo, buscamos vida em modelos que se mantenham com base na existência de carbono, água e energia. "Esse é o único tipo de vida que sabemos procurar, porque é o que conhecemos e sabemos como funciona", comenta Mello.
Existem, no entanto, algumas hipóteses ainda bastante teóricas de outras possíveis formas de vida. Elas não seriam mais baseadas em água, mas em moléculas de silício e em líquidos muito frios, como hidrogênios e hidrocarbonetos.
Embora esteja muito distante do Sol, a lua possui uma imensidão de água líquida abaixo da sua grossa camada de gelo. Acredita-se que exista ali mais água do que em toda a Terra.
Além disso, seu aquecimento interno, causado por um núcleo rochoso geologicamente ativo, pode favorecer o surgimento de alguns tipos de vida — à maneira como são os organismos encontrados nas profundezas escuras dos nossos oceanos. "Europa tem água, química do carbono e fonte de energia. É um dos locais mais promissores que conhecemos hoje", comenta Mello.
Prevista para ser lançada em 2024, a missão "Europa Clipper", da Nasa, vai investigar a composição e a estrutura do interior e da crosta de gelo à procura de evidências de vida.
Onde mais tem água no Sistema Solar?
Marte tem água líquida corrente. Mas o que os cientistas ainda não sabem é se, de fato, existe algum organismo vivo no planeta ou se Marte já foi habitada em algum momento por organismos vivos. O robô Perseverance, da Nasa, está em Marte pulverizando rochas em busca de vida.
Além de Marte e da lua Europa, cientistas também encontraram água em uma das luas de Saturno: Encélado. Menor e com menos água do que Europa, esse gelado satélite possui água líquida em seu interior e gêiseres de vapor de água e de pequenas partículas de gelo.
Essa atividade hidrotermal poderia injetar calor, energia e moléculas complexas perto do oceano para suportar formas de vida. A nave Cassini, que encerrou sua missão em 2017, sobrevoou os gêiseres.
Titã, também um satélite natural de Saturno, também possui grandes reservatórios líquidos em sua superfície, mas, em vez de água, os oceanos, mares e lagos dessa lua são compostos de metano e etano líquidos. Esses hidrocarbonetos enchem constantemente os reservatórios porque caem do céu em forma de chuvas.
Algumas interações químicas entre moléculas orgânicas complexas são comuns em Titã. Os cientistas especulam que uma forma de vida baseada em nitrogênio possa existir nessa lua.
"Talvez esse satélite seja o único lugar em que seria possível ter uma vida baseada em água e uma vida baseada em outras formas de líquidos", comenta Mello.
Outra lua de Júpiter, também pode ter água. Evidências sugerem que Ganimedes, o maior satélite do Sistema Solar, tenha um oceano subterrâneo líquido, que estaria a quase 100 quilômetros abaixo da superfície. Essa profundidade torna extremamente difícil (mas não impossível) explorar as águas de Ganimedes. A temperatura média de sua superfície é de -163°C.
*Com matéria de Aretha Yarak
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