Fundador da McAfee é achado morto em prisão horas após aprovarem extradição
O criador do antivírus informático John McAfee, 75, foi encontrado morto nesta quarta-feira (23) em sua cela em uma prisão, horas após a Justiça espanhola aprovar sua extradição para seu país de origem, os Estados Unidos.
"Foi encontrado morto em sua cela, aparentemente por suicídio", informou a porta-voz do sistema penitenciário na Catalunha (nordeste), sem dar detalhes.
McAfee, um empresário que nos últimos anos se dedicou ao comércio de criptomoedas, foi preso em outubro de 2020 no aeroporto de Barcelona. Ele estava acompanhado de outras duas pessoas aguardando para embarcar para Istambul, na Turquia. Ele apresentou seu passaporte britânico e foi identificado a partir de um filtro de saídas internacionais.
Uma vez consultadas as bases policiais, sobre sua identidade, os agentes que realizaram a abordagem verificaram que havia um mandado de busca e prisão da Interpol, que exigia extradição imediata para os Estados Unidos, por causa da investigação do crime de fraude.
O Tribunal Nacional autorizou a extradição, mas a decisão ainda poderia ser apelada e deveria ser aprovada em última instância pelo governo espanhol. Se ele fosse entregue e julgado nos EUA, enfrentaria uma pena de até 30 anos de prisão.
Em março deste ano, ele foi indiciado pela Justiça dos EUA, em outro caso, por supostamente usar informações privilegiadas e lucrar com elas na venda de criptomoedas.
Pedido de extradição
As autoridades norte-americanas solicitaram a extradição alegando que ele ganhou mais de US$ 10 milhões entre 2014 e 2018 graças à atividade com criptomoedas, serviços de consultoria, conferências e venda de direitos para fazer um documentário sobre sua vida.
No entanto, "ele não apresentou declarações fiscais em nenhum desses anos e não pagou nenhuma de suas obrigações fiscais", de acordo com a ordem do Tribunal Nacional, um tribunal superior com sede em Madri.
"Para ocultar sua renda e bens", o réu "ordenou o pagamento de parte de sua renda a terceiros e colocou propriedades no nome deles", acrescenta o despacho, citando os argumentos da administração fiscal norte-americana, que estima a dívida do empresário em US$ 4,2 milhões antes de multas e juros.
Fortuna com antivírus
McAfee fez fortuna na década de 1980 com seu antivírus, que ainda leva seu nome. Em 2010, ele vendeu a companhia para a Intel por US$ 7,6 bilhões. Com a aquisição, a companhia ganhou um novo nome: Intel Security.
Nos últimos anos, se tornou um guru no mundo das criptomoedas e chegou a afirmar que ganhava US$ 2.000 por dia com elas —sua conta no Twitter tem mais de um milhão de seguidores.
Em um tweet postado em sua conta em 16 de junho, McAfee escreveu que as autoridades dos EUA acreditam que ele tenha "criptomoedas ocultas".
"Eu gostaria de tê-las", mas "meus bens restantes foram todos confiscados. Meus amigos evaporaram por medo de serem associados a mim. Não tenho nada. E não tenho arrependimentos".
Polêmicas
Mesmo longe das atividades da sua companhia de antivírus, McAfee sempre figurava no noticiário por polêmicas. Uma das principais ocorreu em 2012 quando ele foi considerado fugitivo pelas autoridades de Belize por estar envolvido no assassinato do seu vizinho, que era um cidadão dos Estados Unidos.
O crime não foi solucionado e, quando a polícia foi ao local para investigar, encontrou-o morando com uma garota de 17 anos e com um grande número de armas em casa. Na época, ele se disfarçou e fugiu do país da América Central. A família do falecido entrou com um processo por homicídio culposo e, no ano passado, um tribunal da Flórida ordenou que McAfee pagasse mais de US$ 25 milhões de indenização.
O documentário "Gringo: A Perigosa Vida de John McAfee" dá detalhes da vida excêntrica que ele levava em Belize.
Em 2016, ele resolveu se candidatar à presidência dos EUA pelo Partido Libertário, mas seus planos não foram adiante.
Caso você esteja pensando em cometer suicídio, procure ajuda no CVV e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade.
O CVV (https://www.cvv.org.br/) funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil
(Com AFP e EFE)
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