Cientistas descobrem sistemas estelares que poderiam enxergar a Terra
Sem tempo, irmão
- Cientistas descobriram mais 1.715 sistemas estelares que poderiam enxergar o nosso planeta
- Segundo a pesquisa, este é o número de sistemas com distância média de 326 anos luz de nós
- Caso esses sistemas apresentem vida alienígena, os seus habitantes poderiam ter tido a oportunidade de observar a Terra
- Outros 319 sistemas devem entrar na "zona de trânsito terrestre" nos próximos 5 mil anos
Um novo estudo aponta que 1.715 sistemas estelares podem ter conseguido observar a Terra nos últimos 5 mil anos. Isso poderia significar que, caso esses sistemas apresentem vida alienígena, os seus habitantes poderiam ter tido a oportunidade de enxergar a Terra apenas olhando para o céu.
O levantamento foi realizado por cientistas da Universidade de Cornell e do Museu Americano de História Natural, a partir de dados registrados pela Gaia, missão da Agência Espacial Europeia, que conta com um mapa com as posições e movimentos de mais de 331 mil estrelas em cerca de 325 anos-luz do Sol. Ela foi lançada em 2013 e está operação até hoje.
A pesquisa também aponta ainda que outros 319 sistemas estelares devem entrar nesta "zona de trânsito terrestre" nos próximos 5 mil anos. Ou seja, serão capazes, na teoria, de enxergar a Terra.
"Gaia nos forneceu um mapa preciso da galáxia da Via Láctea, permitindo-nos olhar para trás e para frente no tempo, e ver onde as estrelas estavam localizadas e para onde estão indo", afirmou a coautora do estudo Jackie Faherty, astrofísica e cientista sênior do Museu.
Dessas 2.034 estrelas totais no período de 10 mil anos examinados, os cientistas descobriram que 75 delas estavam a 100 anos-luz da Terra, perto o suficiente para que ondas de rádio feitas pelo homem tivessem sido detectadas há pelo menos cerca de um século, quando estações de rádio comerciais na Terra começaram a fazer transmissões.
Sistemas conhecidos
Sete das 2.034 estrelas são hospedeiros conhecidos de exoplanetas que tiveram ou terão a chance de detectar a Terra, assim como os cientistas fizeram agora. Três deles, o K2-65, K2-155 e K2-240, podem atualmente ter visões do nosso planeta.
"Quem sabe se a vida evoluiu lá também, mas se evoluiu e alcançou um nível de tecnologia semelhante ao que temos, então esses observadores alienígenas nominais poderiam ter localizado ou identificarão vida em nosso próprio mundo", disse Lisa Kaltenegger, astrofísica e diretora do Instituto Carl Sagan da Universidade Cornell.
Nesse mesmo grupo de sistemas exoplanetários, outros três — a estrela do Teegarden, GJ 9066 e Trappist-1 — devem conseguir enxergar a Terra entre as próximas décadas e séculos. Segundo a pesquisa, eles estarão próximos o suficiente para detectar as nossas ondas de rádio.
O sistema Trappist-1, por exemplo, uma estrela anã fria a aproximadamente 45 anos-luz da Terra e responsável por abrigar sete planetas do tamanho do nosso (quatro dos quais na zona habitável), entrará na zona de trânsito terrestre em 1.642 anos e lá permanecerá por 2.371 anos.
O último da lista dos 7 sistemas exoplanetários, o Ross 128, poderia ter visto a Terra transitar pelo Sol por 2.158 anos, começando há cerca de 3.057 anos e terminando há cerca de 900 anos. Este sistema estelar inclui uma estrela hospedeira anã vermelha localizada a cerca de 11 anos-luz da Terra na constelação Virgem.
Por razões óbvias, um potencial observador no sistema teria perdido a chance de detectar qualquer uma das nossas ondas de rádio.
Próximos passos
De acordo com Kaltenegger, no futuro o telescópio espacial TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite), da Nasa, e outros telescópios procurarão exoplanetas em torno das 2.034 estrelas identificadas e espera-se que muitos deles estejam em zonas habitáveis.
Quando forem localizados, a ideia é entender as possibilidades de que contenham vida. A partir daí, usar o Telescópio Espacial James Webb, previsto para ser lançado até o fim deste ano, que tem o propósito de fazer análises de exoplanetas em trânsito em busca de indícios de vida, a partir da detecção de sinais químicos como o oxigênio.
"Estamos agora no limiar de encontrar vida no cosmos", concluiu a cientista.
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