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Como o ataque ao Fleury tem atrasado o lado de quem precisa fazer exames

Estúdio Rebimboca/UOL
Imagem: Estúdio Rebimboca/UOL

Guilherme Tagiaroli

De Tilt, em São Paulo

25/06/2021 19h02Atualizada em 25/06/2021 20h58

O grupo de medicina diagnóstica Fleury foi alvo de um ciberataque no dia 22 de junho, o que comprometeu o acesso a exames já realizados em suas unidades, que incluem estabelecimentos de nome próprio e outras marcas, como a+medicina diagnóstica. As operações em alguns locais começaram a voltar ao normal nesta sexta-feira (25). No entanto, isso tem causado um crescimento na demanda em outros laboratórios concorrentes.

O grupo Dasa, que possui marcas como Delboni Auriemo, Salomão Zoppi Diagnósticos e Lavoisier, é uma das redes em que os atendimentos aumentaram, segundo a percepção de funcionários.

Em contato com a central de um dos laboratórios da Dasa, grupo de medicina diagnóstica, uma atendente nos disse que "houve um aumento de demanda em todas as unidades". Segundo ela, já havia muita busca por testes de covid-19, e as pessoas retornaram a fazer exames. Agora, com esta indisponibilidade no Grupo Fleury, "a procura ficou grande".

A reportagem esteve por dois dias seguidos (ontem e hoje) em uma unidade do grupo Dasa na cidade de São Paulo, e havia bastante gente. A espera para atendimento girou em mais de uma hora em cada um dos dias. Os funcionários pediam desculpas pelo transtorno e justificavam a demora pela alta demanda, citando os imprevistos do concorrente, o Grupo Fleury, o que fez com que muitos clientes buscassem suas unidades.

Questionada por Tilt, o Grupo Dasa não se pronunciou oficialmente. No entanto, a reportagem apurou junto a funcionários do grupo de saúde que houve, sim, aumento de movimento nos últimos dias, mas que não era possível precisar se foi necessariamente pelo incidente envolvendo o Fleury, pois houve uma espécie de represamento de pessoas que não fizeram exames de check-up durante o período de pandemia e que agora, com a distribuição de vacinas, mais gente tem buscado serviços de laboratório.

De acordo com o site da Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica), o grupo Dasa é um dos maiores do setor com mais de 270 milhões de exames por ano. Na sequência, vem o Grupo Fleury com pouco mais de 80 milhões de exames anualmente.

Ataque cibernético

No dia 22 de junho, o Grupo Fleury anunciou ter sido alvo de um ciberataque. Algumas pessoas reclamaram no Twitter da indisponibilidade ou demora no atendimento.

Em nota enviada a Tilt, o Grupo Fleury disse que começou a restabelecer seus serviços em hospitais "em face da criticidade na assistência a pacientes internados". Além disso, a empresa informa que segue atendendo por meio de ações de contingência. A companhia não respondeu quando deve voltar completamente ao normal nem detalhes do tipo de ataque que sofreu.

A empresa não confirma, mas o site de segurança norte-americano "Bleeping Computer" diz que o Grupo foi alvo de ransomware — um tipo de ataque em que se "sequestra" o sistema de uma empresa, e a liberação só é feita mediante resgate pago em criptomoeda. Segundo fontes de cibersegurança consultadas pela página, os cibercriminosos pedem US$ 5 milhões de resgate.

Os ataques de ransomware têm ficado cada vez mais comuns. Recentemente, a brasileira JBS, a maior produtora de proteína animal do mundo, foi alvo de um ataque nos Estados Unidos que paralisou todos os seus sistemas. Para tê-los de volta, a companhia pagou um resgate de US$ 11 milhões.