Redes sociais são uma ameaça à humanidade? Cientistas acreditam que sim
E se conseguirmos sobreviver a pandemias e guerras, mas não às redes sociais? Distopias e teorias apocalípticas à parte, cientistas publicaram um estudo alarmante, sobre as ameaças dessas plataformas à humanidade. Segundo eles, poderíamos falhar repentina e catastroficamente.
Dezessete pesquisadores de biologia, psicologia, filosofia, ciências neurais, mudanças climáticas e outras áreas do conhecimento se reuniram para compreender melhor as formas voláteis e destrutivas de como a desinformação se espalha online. Este poder adquirido pelas redes sociais poderia levar nossa civilização à ruína, com uma falta de confiança generalizada e a incapacidade de discernirmos verdade e mentira.
"Uma das coisas sobre os sistemas complexos é que eles têm um limite finito de perturbação. Se você os perturba muito, eles mudam. E muitas vezes tendem a falhar catastroficamente, inesperadamente, sem aviso prévio", explica Joseph Bak-Coleman, pesquisador da Universidade de Washington e co-autor do artigo, em uma entrevista ao site Vox.
A equipe multidisciplinar traçou paralelos entre a humanidade e comportamentos coletivos de grupos animais. "É mais ou menos como utilizamos ratos ou moscas para entender neurociência. Nosso objetivo era ter essa perspectiva e, em seguida, olhar para a sociedade humana da mesma forma."
Fake news e manipulação
O estudo aponta diversas áreas em que as redes sociais têm interrompido o fluxo de informações confiáveis: saúde, clima, política e outros temas urgentes e fundamentais para a sociedade. A robotização do nosso dia a dia, guiada por algoritmos ineficientes, contribui para espalhar fake news, que podem gerar graves consequências.
Ao mesmo tempo em que aproxima pessoas e democratiza informações, a dependência e o mau uso da internet podem transformar sociedades inteiras em conglomerados de massa de manobra, não-pensante e manipulável. De acordo com o artigo, as novas tecnologias criariam ou potencializariam fenômenos como "adulteração eleitoral, doenças, extremismo, fome, racismo e guerra".
Mesmo assim, os pesquisadores ressaltam o lado positivo das plataformas digitais. "A democratização da informação teve efeitos profundos, especialmente para comunidades marginalizadas e sub-representadas. [As mídias] Dão a eles a capacidade de se organizar online, ter uma plataforma e ter uma voz. E isso é fantástico", disse Bak-Coleman.
"Mas, ao mesmo tempo, vemos coisas como o genocídio de muçulmanos Rohingya [de Myanmar] e uma insurreição no Capitólio [nos EUA] acontecendo. Espero que seja uma afirmação falsa dizer que devemos ter essas dores crescentes para também termos os benefícios."
O recente sucesso de redes sociais, que dramaticamente transformaram as maneiras como nos comunicamos em um curto período de tempo, ainda não tem respostas certas ou caminhos definitivos. Apesar do tom sombrio e pessimista, o trabalho é um apelo para mudanças de atitude - ainda dá tempo de fazermos algo para evitar os piores cenários.
O estudo foi publicado na renomada revista Proceedings, da National Academy of Sciences (PNAS).
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.