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Como a tinta mais branca do mundo supera os efeitos do ar-condicionado

Cientistas desenvolvem tinta capaz de reduzir temperatura - iStock
Cientistas desenvolvem tinta capaz de reduzir temperatura Imagem: iStock

Priscila Gorzoni

Colaboração para Tilt, em São Paulo

03/07/2021 16h17

Um grupo de engenheiros da Universidade de Purdue, em Indiana (EUA), conseguiu criar a tinta mais branca do mundo, capaz de refletir até 98,1% da luz solar. Isso significa que ela envia o calor infravermelho para longe das superfícies, deixando os ambientes mais frescos.

As tintas disponíveis no mercado hoje refletem entre 80 e 90% da luz solar e não são muito eficientes para resfriamento.

Os pesquisadores estão na missão de criar a tinta mais branca do mundo desde o ano passado. Eles já tinham chegado ao ultrabranque, que refletia 95,5%, mas agora alcançaram uma versão é ainda melhor.

A equipe testou mais de 100 materiais, com diferentes formulações. A tinta ultrabranque era feita de carbonato de cálcio, composto encontrado em rochas e conchas. Para torná-la mais branca, os pesquisadores experimentaram altas concentrações de sulfato de bário, um composto insolúvel branco e inodoro usado para fazer os contrastes de cores em tomografias, raio-x, papel fotográfico e cosméticos brancos.

Para a tinta ficar ainda mais branca, os engenheiros mexeram nas partículas de sulfato de bário.

A descoberta foi registrada na revista científica "ACS Applied Materials & Interfaces".

O esforço de buscar uma tinta quase 100% reflexiva é ambiental: o material pode provocar uma redução de gastos importante com combustíveis fósseis, por exemplo, e combater as ilhas de calor nas cidades.

A exemplo do que foi feito em Nova York, o branco pode ser usado em telhados para ajudar a combater o aquecimento global. Ruan declarou à BBC que para funcionar nesse sentido seria preciso pintar apenas 1% da superfície da terra.

A tinta é capaz de resfriar edifícios mais do que qualquer ar-condicionado central. Para comprovar isso, os pesquisadores pintaram um telhado de 93 metros quadrados de área e conseguiram um resfriamento de 10 quilowatts.

Segundo o professor de engenharia mecânica Xiulin Ruan, autor do estudo, isso significa uma potência mais poderosa do que o ar condicionado central usados na maioria das casas.

A tinta pode manter superfícies cerca de 8ºC mais frias do que os seus arredores, enquanto o sol está forte. Durante o inverno, a tinta foi ainda mais eficaz.

Os pesquisadores já pediram a patente da tinta, com o objetivo da comercialização.