Sol, vinagre, bicarbonato? Saiba como livrar roupas de fungos e bactérias
A sabedoria popular está cheia de receitas para deixar a sua roupa mais limpa: expor a peça com sabão ao sol, usar bicarbonato de sódio, álcool, vinagre e por aí vai. Mas será que essas dicas funcionam também para eliminar fungos, bactérias e outros micro-organismos que podem ser prejudiciais à nossa saúde?
Professora da USP (Universidade de São Paulo) e membro da diretoria da SBM (Sociedade Brasileira de Microbiologia), Carla Taddei diz que, de modo geral, a máquina de lavar dá conta do recado.
"Indivíduos saudáveis não precisam ter muita neurose. As roupas têm uma contaminação, mas, frequentemente, é de bactérias que fazem parte do nosso nicho e que são produto do nosso metabolismo", afirma.
Algumas peças do guarda-roupa, porém, precisam de um cuidado adicional, como roupas íntimas e sapatos. "Sabão, detergente e amaciante não têm ação desinfetante, por isso recomendo uma prévia desinfecção antes da lavagem de cuecas, calcinhas, panos de prato e roupas de bebê", diz o biomédico Roberto Figueiredo, conhecido como Dr. Bactéria.
Quanto às dicas repassadas por gerações, elas podem ser muito eficientes para tirar manchas, mas não significavam o mesmo resultado quanto se trata de eliminar micro-organismos. "O vinagre até possui um poder de desinfecção, mas, dentro da concentração normal utilizada nas máquinas de lavar, não alcançaria esta função", afirma Figueiredo.
Confira a seguir as principais recomendações:
Roupas de recém-nascido
Pouco antes da chegada do bebê, é comum que pais e avós se preocupem em lavar todas as roupas e o enxoval. Para a professora da USP, esse cuidado é importante para não expor, sem necessidade, a criança a bactérias nocivas e causadoras de doenças.
"Quando nasce, o sistema imunológico do bebê ainda é muito fraco, então ele vai ter contato aos poucos com as bactérias do ambiente, da mãe e do pai, por exemplo. As roupas, por sua vez, passam por um processo de manufatura, transporte, comércio, são manipuladas por muitas pessoas e podem ter contato com animais. Então é prudente lavá-las antes de a criança usar, já que você não sabe a procedência", diz.
Após o primeiro uso, o Dr. Bactéria diz que é importante manter o cuidado como as roupas do bebê, especialmente as que entraram em contato com fezes e urina. (Confira abaixo a receita para a lavagem).
Roupas íntimas
O primeiro e mais importante cuidado é não compartilhar roupas íntimas. Então, muito cuidado ao experimentar calcinhas e biquínis em lojas - você nunca sabe quem vestiu a peça antes.
Entre as doenças que podem ser transmitidas por essa via, estão algumas infecções como as causadas pelo parasita Trichomonas vaginalis e a bactéria Gardnerella.
"Algumas pessoas vivem muito bem com certas bactérias, estão assintomáticas. Porém, ao compartilhar uma roupa íntima, você pode entrar em contato com essa mesma bactéria e, dependendo do seu sistema imune, não responder da mesma forma e ficar doente", afirma Taddei.
Como lavar
Roupas íntimas (cuecas, calcinhas, sungas e biquínis), panos de prato e roupas de bebê exigem uma prévia desinfecção antes de ir para a máquina de lavar. Para isso, o Dr. Bactéria indica o seguinte passo a passo:
- Roupas brancas: Em um balde, coloque duas colheres de sopa de água sanitária por litro de água. Em seguida, deixe as peças de molho por 10 minutos. Enxágue e coloque a peça na máquina de lavar para bater normalmente. Por fim, passe as roupas para eliminar os micro-organismos restantes.
- Roupas coloridas: Em um balde, misture água ao desinfetante escolhido (de preferência sem odor). Neste caso, é melhor ler o rótulo para saber a concentração indicada e o tempo de imersão. Depois disso, enxágue, coloque na máquina de lavar e passe a ferro, seguindo as recomendações do fabricante.
Sapatos
Quanto aos sapatos, os especialistas ouvidos por Tilt dizem que, para trajetos cotidianos, não há necessidade de limpar as solas a cada uso, basta passar no capacho antes de entrar em casa para tirar o excesso de sujeira.
Um cuidado especial, porém, deve ser tomado caso você visite hospitais ou cemitérios, locais em que pode haver contato com micro-organismos nocivos à saúde. Nesse caso, use um desinfetante doméstico e uma escova para fazer a limpeza.
No dia a dia, a recomendação é que a limpeza frequente seja realizada na parte interna dos sapatos, já que a má higienização pode causar micoses. Para isso, Figueiredo diz que é importante evitar o uso por dois dias consecutivos do mesmo calçado. O intervalo é importante para secar o suor.
Para higienizá-lo, vale polvilhar bicarbonato de sódio dentro do sapato, deixar em local arejado e só depois guardá-lo limpo. Pegou chuva no meio do caminho? Nunca guarde os calçados molhados, a umidade favorece a proliferação micro-organismos.
Toalhas e roupas de cama
Essas peças acumulam grande quantidade material orgânico, resultado da descamação da nossa pele e do suor, e, por isso, são locais propícios para a multiplicação de bactérias.
Desse modo, assim como as roupas íntimas, compartilhar toalhas é uma péssima ideia, já que podem transmitir as mesmas infecções. Deixá-las ao sol ou em ambientes arejados evita o mau cheiro e os micro-organismos indesejados.
Segundo Figueiredo, o ideal é que as toalhas de banho sejam trocadas de dois em dois dias e as de rosto, diariamente.
Quanto às roupas de cama, o cuidado deve ser maior para os alérgicos, pois essas peças são locais propícios para a multiplicação de ácaros. Para os demais, a troca pode ser realizada semanalmente.
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