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Cuidados simples ao carregar o celular previnem choques e até incêndio

Não precisa ter neura, mas o risco de choques existe. Então, tome cuidado - iStock
Não precisa ter neura, mas o risco de choques existe. Então, tome cuidado Imagem: iStock

De Tilt, em São Paulo

12/07/2021 04h00Atualizada em 12/07/2021 09h34

Basta fazer uma pesquisa rápida na internet para encontrar casos de pessoas que morreram, se machucaram feio ou viram a casa pegar fogo ao usar o celular enquanto ele carregava. Apesar de ser uma prática bastante comum entre os que vivem grudados nos seus smartphones, especialistas afirmam que é preciso tomar alguns cuidados ao usar o aparelho conectado à tomada.

Os entrevistados por Tilt apontam que choques e incêndios podem ser causados por falhas na instalação elétrica e "gambiarras", além do mau uso do carregador.

"Não é para ter neura, porque casos do tipo são considerados atípicos, tendo em vista a quantidade de celulares usados no mundo e a pouca quantidade de incidentes semelhantes. Se o usuário segue os cuidados básicos de segurança, a chance de algo assim ocorrer é praticamente nula", diz Marcelo Zanateli, professor de Engenharia Elétrica do Centro Universitário da FEI.

Carregadores de celular funcionam como um "transformador" de energia, fazendo com que a tensão seja diminuída ao passar da tomada para o aparelho — os 127 volts da tomada se tornam 5 volts para o celular.

Saiba como prevenir acidentes ao carregar o celular:

  • Use sempre baterias e carregadores originais da fabricante do celular;
  • Revise a cada cinco anos a instalação elétrica da sua casa ou escritório;
  • Evite deixar o celular carregando dentro de gavetas e caixas ou em cima de objetos inflamáveis;
  • Não toque no celular carregando com as mãos molhadas;
  • Na hora de plugar o carregador na tomada, não toque nas partes metálicas. Isso pode evitar choques;
  • Evite atender ou fazer ligações enquanto carrega o celular;
  • Não use benjamins (ou tês), extensões, adaptadores de tomada e outras "gambiarras" ao carregar o celular;
  • Não carregue o celular em ambientes com vapor ou risco de molhar (banheiro);
  • Não puxe o carregador pelo cabo para tirá-lo da tomada, rompendo fios internos;
  • Carregadores comprados no exterior podem não ser compatíveis com a rede elétrica brasileira;
  • Não coloque objetos pesados em cima do cabo do carregador, nem torça demais o item.

Da tomada para dentro

O primeiro cuidado tem que ser "da tomada para dentro", ou seja, a verificação da instalação elétrica local. "Qualquer falha que ocorra ali pode fazer com que o carregador transfira, diretamente, a corrente maior, causando choque ou superaquecimento do celular", explica Edson Martinho, diretor-executivo da Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade).

Por isso é aconselhável revisar a rede interna da casa, no mínimo, a cada cinco anos. Isso só deve ser feito por um profissional habilitado. E cada parte da infraestrutura é importante, explica Martinho, e não apenas os disjuntores e tomadas.

"O correto dimensionamento dos fios, por exemplo, pode evitar seu superaquecimento e ocorrência de incêndios." A instalação da casa deve ter ainda um sistema de aterramento adequadamente projetado. "Usar condutor de proteção [fio terra] é a primeira segurança contra choques elétricos", ressalta.

Da tomada para fora

A maioria dos incêndios em residências ocorre pela sobrecarga na instalação elétrica. Um dos "vilões" é o benjamim (ou tê, como é chamado em outras partes do Brasil), acessório multiplicador de tomadas.

"Evite usá-lo. Ele deveria ser uma solução provisória, mas as pessoas acabam deixando na tomada para sempre", diz Martinho.

Cada equipamento a mais ligado àquele ponto onde apenas um era esperado vai sobrecarregando a tomada e os fios. "Se o disjuntor da casa não atuar corretamente, aquele ponto vai superaquecer e pode iniciar um incêndio", explica.

Extensões e adaptadores de padrões de tomada também devem ser evitados, bem como "gambiarras". "Qualquer adaptação é sempre um ponto possível de mau contato. Fios emendados representam riscos, assim como adaptadores e extensões, principalmente aqueles não certificados", afirma.

Evite hábitos arriscados

A segunda etapa para evitar acidentes com o carregador do celular é eliminar algumas práticas arriscadas. Entre elas, pegar o aparelho com a mão molhada enquanto ele está ligado à tomada, pois isso pode ocasionar um choque.

Também não é bom deixar o celular carregando na tomada do banheiro enquanto toma banho, alerta o professor da FEI. "Não tanto pelo perigo de acidente, mas o vapor entra no celular e pode oxidar componentes internos, diminuindo bastante a vida útil do aparelho."

Já dormir com o celular ligado à tomada oferece risco pequeno, se todos os outros itens de segurança da instalação elétrica foram seguidos.

"Hoje, quando a bateria chega à carga máxima, o carregador para de mandar energia ao celular, então o risco de acidente é muito pequeno", diz Zanateli.

Ainda assim, ao fazer a recarga é aconselhável não colocar o celular dentro de algum lugar ou em cima de materiais facilmente inflamáveis. "Durante o carregamento, ocorre um processo natural de dissipação de calor. Deixar o celular dentro de uma gaveta ou caixa pode contribuir para um superaquecimento", diz.

Zanateli recomenda ainda que a pessoa evite atender ou fazer ligações durante a recarga do celular. "O risco de acidente é muito pequeno, mas em todo o caso isso minimiza ainda mais a chance de algo acontecer."

Cuide bem do carregador

Outro cuidado (muito) básico é tratar bem o seu carregador, para evitar que ele sofra danos conforme o tempo de uso. Rompimento de fios dentro do cabo, segundo Martinho, aumenta o risco de acidentes por superaquecimento. Então não puxe o carregador da tomada pelo cabo, não torça demais o item na hora de guardar ou mesmo coloque objetos em cima dele.

É comum também pegarmos emprestado o carregador de um colega quando esquecemos o item em casa. A menos que você tenha certeza de que o modelo é idêntico ao que você usa, evite o empréstimo. "Alguns modelos de uma mesma fabricante são compatíveis, mas nem todos. Na dúvida, é preciso consultar o manual do aparelho", diz Zanateli.

Só compre produtos originais

É comum encontrar carregadores e baterias "alternativos" à venda, em geral mais baratos que os originais. O problema é que alguns desses produtos não seguem normas de segurança e padrões técnicos do Brasil. Para diminuir riscos, dê preferência aos acessórios originais da fabricante do celular.

Se o acessório é fabricado no Brasil, é importante procurar selos e certificações de órgãos nacionais, como o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) e Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). "É a comprovação de que esses equipamentos foram testados e validados para uso no país", frisa Zanateli.

A Tilt, o professor João Carlos Lopes Fernandes, do curso de Engenharia de Computação do Instituto Mauá de Tecnologia, explicou que acessórios piratas podem realmente causar descargas elétricas fatais.

"Um carregador falso, sem sistema de segurança, pode apresentar um problema e passar muita corrente elétrica para a carcaça do aparelho, causando até mesmo um choque com força suficiente para matar", afirma.

A corrente emitida por um carregador de celular é baixa para causar esse tipo de acidente, segundo o professor de Engenharia Elétrica do Centro Universitário da FEI, Antônio Carlos Gianoto. "Para que um choque mate uma pessoa, é necessário que haja exposição a uma quantidade maior de energia do que a emitida por uma bateria de celular ou carregador. É preciso que haja contato com um fio desencapado, por exemplo", disse.